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Prefeito Odair Silva e a falta de gratidão


Gratidão é uma palavra bela — e ainda mais quando se traduz em atitudes concretas. No entanto, não tem sido o ponto forte da administração do prefeito Odair Silva (Republicanos). Até o momento, praticamente todas as obras inauguradas em sua gestão — e não foram muitas — tiveram início no governo da ex-prefeita Paula Lemos (PSD).
A ingratidão é evidente. Paula Lemos, responsável por iniciar esses projetos, jamais é convidada para as inaugurações. Na mais recente entrega, a da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Rio das Pedras — obra estruturada em sua gestão — coube a Odair apenas o ato de cortar a faixa. Desde o início de seu governo, sua principal bandeira tem sido repetir que “não faltará água em agosto”. Ora, com o Parque do Peão contando com sistema próprio de captação e a ETA concluída, é natural que o abastecimento estivesse garantido.
É preciso ter clareza: o atual prefeito apenas colhe frutos de sementes plantadas antes de sua chegada. Alguém preparou o terreno, arou, semeou, adubou e cuidou; mas, ao encerrar o mandato e não disputar a reeleição, deixou para Odair o benefício de inaugurar.
Ainda assim, a maior ingratidão, ao meu ver, não é com a ex-prefeita, mas com a própria tradição de Barretos. A ausência do desfile cívico, durante a Festa do Peão, desagradou a muitos. Para boa parte da população, sobretudo a de menor poder aquisitivo, o desfile era a única forma de participar das comemorações. A festa dentro do Parque tornou-se inacessível para muitos barretenses, devido ao alto preço de ingressos, alimentos e bebidas. Não é raro ouvir a frase: “A festa é para o turista, porque o povo da cidade não consegue entrar”.
A justificativa de que a prefeitura precisava “cuidar das finanças” não convence. Acaso todos os prefeitos que mantiveram o desfile no passado foram irresponsáveis? E mais: como sustentar esse discurso quando se multiplicam cargos comissionados de altos salários? Nas conversas de bar, o comentário recorrente é de que boa parte dos recursos se esvai em compromissos políticos. Se isso procede, por que não reduzir a máquina administrativa e os gastos com comissionados, em vez de cortar um evento tão simbólico para a cidade?
A história de Barretos é rica demais para ser celebrada apenas com homenagens protocolares. O desfile, quando existia, mobilizava a população. Sem ele, perde-se a festa mais popular — a festa de todos. Prefeito, fica a lembrança: no próximo ano, as dificuldades financeiras podem se repetir. Os cargos comissionados também. E o desfile? Será novamente cancelado?
