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Vídeo com críticas às cotas raciais em processo seletivo de professores repercute em Barretos
A advogada Pricila Zinato Demarchi ao lado de sua cliente Michele Oliveira da Fonseca
Um vídeo publicado nas redes sociais pela professora Michele Oliveira da Fonseca, da rede municipal de ensino de Barretos (SP), gerou ampla repercussão nesta semana após ela criticar a política de cotas raciais aplicada no processo seletivo para professores realizado no último fim de semana. As declarações viralizaram, motivaram posicionamento oficial da Prefeitura de Barretos e levaram à retirada do conteúdo das redes, seguida de um pedido público de desculpas.
Na gravação que circulou nas plataformas digitais, a professora manifesta indignação com a adoção de cotas raciais no processo seletivo, questionando o critério e defendendo que, em sua avaliação, políticas baseadas em renda seriam mais adequadas. No vídeo, Michele também comenta a dinâmica de convocação dos aprovados, afirmando que, diferentemente de edições anteriores, a alternância entre lista geral, cotas raciais e pessoas com deficiência impactaria diretamente sua expectativa de escolha de aulas e unidades escolares.
Ela relata ainda sua posição na classificação e compara o resultado com processos seletivos anteriores, nos quais afirma ter obtido melhor colocação. As falas foram amplamente compartilhadas e passaram a ser alvo de críticas e debates nas redes sociais.
Diante da repercussão, a Prefeitura de Barretos divulgou nota oficial afirmando que repudia “todo e qualquer ato de racismo, discriminação e injúria racial”, classificando o racismo como uma chaga social inaceitável. A administração municipal destacou que as políticas adotadas seguem a legislação vigente e os princípios constitucionais.
A Secretaria Municipal de Educação informou que Michele atuou como servidora municipal entre 2017 e 2023, exercendo funções de cuidado e suporte a alunos com deficiência. Desde 2024, ela integra o quadro do magistério municipal como professora. No processo seletivo para o ano letivo de 2026, a docente ficou na posição 210 da classificação geral e, conforme as regras previstas em edital e a disponibilidade de vagas, conseguiu a atribuição de 18 aulas distribuídas em quatro Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEIs).
A reportagem também teve acesso a um vídeo mais antigo, publicado em setembro de 2023, no qual a professora aborda atividades relacionadas ao Dia da Consciência Negra em uma unidade escolar e faz considerações pessoais sobre o tema do racismo, a participação de profissionais nas ações desenvolvidas e o significado da data.
Procurada, a advogada da professora, dra. Priscila Zinato Demarchi, afirmou que a Constituição Federal assegura a liberdade de expressão como direito fundamental, essencial à democracia. Segundo ela, a defesa entende que não houve extrapolação desse direito nas falas divulgadas. “Não constatamos, nas palavras da professora, a prática de ato de racismo ou de qualquer outro crime que tenha ofendido a honra e a dignidade de grupos étnicos”, afirmou. De acordo com a advogada, a manifestação teve como foco o questionamento da legislação de cotas vigente, e não questões relacionadas à raça, religião ou outros fundamentos que violem direitos humanos. Ela acrescentou que a cliente está à disposição das autoridades e órgãos competentes para prestar esclarecimentos.
Após a exclusão do vídeo que viralizou, Michele publicou uma nova gravação, desta vez acompanhada de sua advogada, na qual faz um pedido de desculpas. No vídeo, ela afirma que não teve a intenção de ser racista, diz estar abalada com a repercussão e declara que sua manifestação foi um desabafo sobre a política de cotas, e não sobre pessoas ou grupos raciais. A advogada reiterou a posição da defesa quanto à garantia constitucional da liberdade de expressão e informou que ambas permanecem à disposição dos órgãos competentes para esclarecer o ocorrido.
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