Prefeitura de Barretos alerta para prazo da Declaração do Imposto Territorial Rural 2025
O silêncio que vale ouro


Putin entregou a Venezuela para Trump. Trump entregou a Ucrânia para Putin. E ainda tem gente que acha que isso é coincidência. Amador vê paz. Profissional enxerga pacto. É simples: em agosto de 2025, Trump e Putin se encontram no Alasca. Manchetes falam em “esperança de paz na Ucrânia”. Mas quem vive de política sabe: quando anunciam paz, o jogo é outro.
Dias depois, Trump dá o sinal. Três destroyers rumam para o Caribe. Motivo oficial: combater cartéis. Motivo real: encostar em Caracas. Maduro berra, convoca 4,5 milhões de milicianos. Todo mundo espera Moscou reagir. O que acontece? Silêncio. Nenhuma tropa, nenhum dólar, nenhum míssil. O mesmo Putin que jurava defender Maduro até o último soldado, de repente, finge que não é com ele.
Na geopolítica, silêncio nunca é vazio. Silêncio é recado. Mensagem cifrada que só quem entende o jogo decifra. O código é claro: eu fecho o meu quintal e você fecha o seu. Trump ocupa a Venezuela. Putin respira na Ucrânia. É a velha troca invisível: eu finjo que não vi, você finge que não ouviu. Não precisa de papel assinado. Não precisa de foto oficial. Basta o compasso da coreografia.
Veja a sequência: sexta, cúpula no Alasca. Domingo, frota no Caribe. Segunda, Maduro mobiliza. Terça, Kremlin calado. Coincidência? Não. É a dança ensaiada de quem sabe jogar com zona de influência, timing e silêncio. Três engrenagens que movem impérios.
E aqui entra a lição para a política que a gente vive no Brasil. Na eleição, é igualzinho. Quando dois caciques param de trocar porrada, não é porque virou amor, amizade ou iluminação súbita. É cada um salvando o próprio couro. O pacto invisível aparece no detalhe: aquele adversário que some do noticiário, a crítica que evapora, o silêncio que pesa mais que discurso.
Amador acredita em coincidência. Profissional lê engrenagem. Quem não lê, vira peça descartável. Porque campanha não é palanque, é tabuleiro. E cada gesto, cada silêncio, cada “não ataque” tem tabela de preço.
Trump e Putin mostraram o básico: na política de poder, não existe vácuo. Existe acordo. Invisível, sim. Mas tão real quanto a frota que zarpa no domingo. Quem quiser acreditar em conto de fadas, boa sorte. Quem quer sobreviver ao jogo, que aprenda a ler o silêncio.
Esse silêncio vale mais que ouro. Vale território. Vale poder. Vale o futuro. Quem não entendeu ainda, vai entender tarde demais.
Igor Sorente é jornalista e empreendedor nos segmentos de marketing, audiovisual e produção de conteúdo.
