Mutirão para retificação de nome e gênero acontece em Barretos
Despejo em 24 horas: Ação de fiscalização em frente ao Hospital de Amor gera revolta em comerciantes
Trabalhadores acusam Prefeitura de atropelar direitos e denunciam pressão de empresário local. (Reprodução Vale TV)
Na manhã desta quinta-feira (27), uma ação da Prefeitura de Barretos movimentou a Avenida João Baroni, próximo à entrada principal do Hospital de Amor. Fiscais da Secretaria de Ordem Pública foram ao local após denúncia feita por um empresário, dono de um hotel nas proximidades, que alegou suposta irregularidade na permanência de ambulantes na área. A movimentação pegou de surpresa os comerciantes, que afirmam estar legalizados e autorizados a trabalhar ali.
A situação gerou comoção entre os ambulantes, que se dizem ameaçados de perder seu único sustento. “Estou aqui há dez anos, tenho permissão da prefeitura. Nunca fui ilegal”, declarou à Vale TV o ambulante Wanderlei Antônio Marçal, um dos mais antigos no local.
Segundo os ambulantes, a notificação determinava a desocupação da área em apenas 24 horas — o que gerou ainda mais revolta. “Eles deveriam dar uma notificação de pelo menos 30 dias para procurar um lugar para ficar. Aqui é a nossa sobrevivência”, desabafou Antônio Vitorino, com visível indignação.
Famílias inteiras podem ser afetadas
A decisão repentina colocou em xeque o sustento de dezenas de pessoas. “Minha família tem seis pessoas, todos trabalham aqui. Minha filha nasceu faz um mês e, do nada, querem expulsar a gente”, lamentou Rodrigo Breno de Oliveira, também ambulante.
Os comerciantes, temendo despejo e perda de renda, buscaram apoio político imediato. Foram ouvidos pelos vereadores Marcos Mariano (União), Anderson Luiz de Angelino, o Bodão (Podemos), e Sergio Tobace, o Japonês (PRD), que intermediaram uma reunião com o Secretário de Ordem Pública, Luís Umberto de Campos Sarti, o “Kapetinha”. A reunião aconteceu na manhã desta sexta-feira (28).
Licença confirmada e proposta emergencial
À reportagem, o vereador Bodão confirmou: “Os ambulantes estão legalizados e possuem licença para atuar”. Segundo ele, o próprio denunciante — o empresário dono do hotel — participou da reunião e ofereceu uma área próxima, com infraestrutura e aluguel subsidiado, para onde os ambulantes poderiam ser transferidos. A proposta está sendo analisada pelos trabalhadores, mas ainda sem decisão oficial.
Nos bastidores, a motivação do empresário seria a construção de um estacionamento no terreno atualmente ocupado pelos ambulantes. Em contrapartida, os comerciantes alegam que a área é institucional, com destinação legal prevista para área verde — ponto que ainda será investigado.
Prefeitura se defende e nega perseguição
Em entrevista à Vale TV, o secretário Kapetinha negou qualquer tipo de perseguição. “Nossa secretaria só fiscaliza se o comerciante está legal. Isso não tem nada a ver com o prefeito Odair Silva, nem comigo pessoalmente”, afirmou.
Mas os ambulantes dizem ver dois pesos e duas medidas. Marcelino José de Souza, há 14 anos no local, denunciou: “O denunciante também invadiu a área. Por que ele pode ficar e a gente tem que sair?”
O que está por trás da denúncia?
A situação lança luz sobre a disputa silenciosa entre o pequeno comércio de rua e grandes interesses locais. Enquanto os ambulantes buscam manter seu sustento com trabalho digno e regulamentado, a denúncia reacende o debate sobre a ocupação e destinação de espaços públicos.
O que está em jogo vai muito além de barracas e carrinhos: trata-se do direito de centenas de trabalhadores continuarem lutando pelo pão de cada dia.