Bispo apresenta carta aos candidatos e garante que não é ingerência da Igreja

O bispo de Barretos, Dom Milton Kenan Junior, apresentou na tarde desta sexta-feira (16), na Cúria Diocesana, a carta endereçada aos candidatos ao Executivo e Legislativo nas eleições de 2 de outubro, nos municípios que compõem a Diocese. O pastor lembrou que a carta não é “uma ingerência da Igreja Católica sobre as consciências” e nem “uma maneira de interferir na liberdade dos candidatos ao elaborar os seus planos de governo.”

No documento, o líder católico aborda três eixos, que a seu ver, exigem uma atenção permanente dos mandatos: “a questão ambiental, a realidade do trabalho e tudo o que está relacionado à saúde.” Citando o Papa Francisco, chama à responsabilidade pelas consequências, “da proposta do aumento dos perímetros urbanos, para favorecer a criação de condomínios ou novos bairros nas cidades, não levando em conta o desmatamento e o comprometimento das bacias fluviais que garantem aos municípios o abastecimento de água”.

A carta defende o cuidado com os animais que ficam abandonados nas vias públicas. Pede que os futuros governantes verifiquem como está o tratamento de esgoto dos municípios, a destinação do lixo urbano e quais políticas são desenvolvidas para o abastecimento de água que atenda a demanda da população. Solicita a criação de campanhas de conscientização a respeito do uso da água e da importância da reciclagem do lixo domiciliar.

Para ajudar as famílias vítimas do desemprego ou em condições mais vulneráveis, Dom Milton Kenan Junior afirma que é uma alternativa coerente e necessária a manutenção e a garantia do apoio “às entidades sociais que prestam um serviço relevante às nossas cidades.” Cobra “o respeito pelos convênios estabelecidos, a pontualidade nos repasses, a colaboração com a formação dos técnicos nas áreas da promoção social, da saúde, da educação para permitir que as entidades cumpram suas tarefas.” São investimentos que podem garantir qualidade de vida aos necessitados, mas também a paz e a estabilidade social.

O bispo entende que deveria ser uma ação permanente daqueles que exercem a função de governar ou legislar em favor do povo, “chamar em causa” as grandes empresas, as usinas de açúcar e álcool, os sindicatos, para um compromisso efetivo, na busca de garantir, não só trabalho, mas preservar os direitos dos trabalhadores. 

A realidade dos hospitais, dos ambulatórios e prontos-socorros em vários municípios da diocese, é a que mais exigirá dos que governarão uma atenção particular, lembra a carta do pastor. “A dignidade humana está no centro dos interesses políticos em nosso tempo.” – diz. “Sei o quanto é difícil governar, e posso imaginar que no campo da política partidária é um grande desafio atender a todas as demandas e cumprir com competência a missa assumida.” – completa trecho da carta de Dom Milton Kenan Junior.