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Editorial: Barretos – um governo marcado por promessas não cumpridas e retrocessos
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A gestão da prefeita Paula Oliveira Lemos em Barretos entra para a história como um caso emblemático de oportunidades perdidas e planejamento falho. Em vez de avançar na modernização e resolução de problemas crônicos, o mandato foi marcado por obras inacabadas, gestão errática e, sobretudo, pela incapacidade de consolidar um legado positivo.
Obras como a ampliação do Cemitério Municipal da Paz e as drenagens da Avenida Engenheiro Necker Carvalho de Camargos representam simbolicamente a administração: começadas e abandonadas. O que deveria ser solução virou um novo problema, exemplificado pelo recapeamento asfáltico mal executado, que agravou a infraestrutura urbana ao elevar bocas de lobo e criar valetas profundas. Este é apenas um dos muitos erros que impactaram diretamente a qualidade de vida da população.
A lentidão na resolução de problemas simples, como licitações para capina, deixou a cidade tomada pelo mato. Regiões como o Jardim Caiçara continuam sem pavimentação, enquanto as obras antienchentes, embora tenham mitigado alguns impactos, não trouxeram soluções definitivas. Outros ícones da cidade, como o Postão da Saúde recém inaugurado e com problemas estruturais que foram ignorados e o Ginásio Poliesportivo “Rochão” que tem o telhado tratado de forma paliativa.
Um dos aspectos mais preocupantes foi o colapso do transporte público após a falência da empresa VIASA. A prefeita nunca apresentou uma solução consistente para o sistema, deixando Barretos sem uma alternativa viável para o transporte coletivo. Em paralelo, a zona azul jamais foi implementada de maneira eficaz, prejudicando ainda mais a mobilidade urbana.
No que deveria ser sua principal vitrine — a área de infraestrutura —, Paula Lemos acumulou fracassos. O vertedouro da Rodovia Brigadeiro Faria Lima não funciona, e a falta de água segue como um problema persistente, apesar dos investimentos em reservatórios. O Recinto Paulo de Lima Corrêa, antes um ponto de orgulho da cidade, caiu em completo abandono, simbolizando a desconexão da gestão com as demandas locais. O Distrito Industrial continuou abandonado.
Sua decisão de não buscar a reeleição pegou a todos de surpresa e evidenciou a perda de apoio político dentro de seu partido, o PSD. A prefeita queimou pontes importantes, tanto no nível municipal quanto estadual, demonstrando um despreparo em articular alianças e em gerir conflitos internos. Nem mesmo o apoio de sua mãe, Graça Lemos, foi suficiente para sustentar a ilusão de um governo coronelista. A perseguição a opositores apenas reforçou o isolamento político e administrativo.
A reta final de seu mandato é um retrato do abandono. Entre janeiro e agosto, houve uma tentativa desesperada de entregar obras, mas, desde então, a gestão mergulhou na inércia. A cidade sofre com buracos nas ruas, atrasos na limpeza após chuvas, atrasos de pagamento no setor do lixo, contratos encerrados sem solução e dívidas crescentes. Para piorar, a reputação da gestão foi manchada por acusações de calote feitas pela Fundação Pio XII nesta semana.
Nem mesmo o Natal escapou do descaso. Se não fosse pela iniciativa privada, representada pela Associação Os Independentes e pelo North Shopping Barretos, a cidade teria passado as festas sem decoração ou celebrações. O setor privado salvou o que restava do espírito natalino, demonstrando o vazio deixado pela administração pública. É importante ressaltar que a ACIB (Associação Comercial e Industrial de Barretos) foi socorrer os comerciantes da área central e fez um acordo com uma empresa de energia para instalação de decoração na Praça Francisco Barreto.
Paula Lemos termina seu mandato deixando Barretos menor do que encontrou. Sem base política, sem aliados (?) e com uma reputação desgastada, resta saber se conseguirá retornar ao cargo de procuradora do município. Mas, ao que tudo indica, sua relação com colegas também está comprometida, a ponto de advogados criarem a Associação dos Procuradores do Município de Barretos (APMB) durante sua gestão, em clara dissidência.
O legado de Paula Lemos não é apenas de obras inacabadas ou de erros administrativos. É, acima de tudo, um aviso sobre os riscos de uma gestão desarticulada, baseada em expectativas irreais e na incapacidade de construir consensos. A partir de 1º de janeiro, a prefeita entrega a caneta, mas a cidade continuará lidando com as consequências de sua gestão por muitos anos.