Barretos encerra Semana Nacional de Trânsito com ação no Centro
O microfone do prefeito e o silêncio que ele deseja


Barretos vive uma cena digna de estudo político: o prefeito Odair Silva, que até 31 de dezembro de 2024 era apenas mais um radialista de voz alta e discurso inflamado, hoje se incomoda profundamente com o mesmo instrumento que um dia lhe deu poder: a crítica pública. Ele, que usou o microfone para denunciar, atacar e questionar governos passados, agora parece intolerante quando a imprensa exerce o mesmo papel em relação à sua gestão.
Odair se orgulha de dizer que veio da roça, que foi serralheiro e empresário da comunicação. No rádio, comandou o projeto “rádio na rua”, em que uma van circulava pelos bairros e lhe dava palco. Era o político se preparando, em plena vitrine popular, para a vida eleitoral. Ali, tinha liberdade total: criticava, ironizava, fazia denúncias — e ninguém ousava desligar seu microfone.
Agora, como prefeito, a lógica é outra. Quando contrariado, usa a máquina da prefeitura. Intimida anunciantes, seca verbas de publicidade, manda recados por meio de secretários. É o mesmo método de sempre: quem não elogia é acusado de fazer “política do contra”. Mas não se trata disso. Trata-se de jornalismo.
Para tentar moldar a opinião pública, a gestão terceirizou parte do discurso para influenciadores digitais contratados. O resultado é um espetáculo tragicômico. Um deles posta vídeo exaltando a instalação de um semáforo como se fosse a chegada da tecnologia 5G, com direito a trilha sonora de filme pornô classe D. Outro filma a limpeza de um córrego como se fosse uma obra de Estado. É o “marketing do banal”, vendido como grande conquista.
Enquanto isso, O Sertanejo mantém seus princípios: pluralidade, transparência, diálogo aberto. É um jornal que existe para ser cão de guarda da sociedade, não um poodle do prefeito. E não há secretários, servidores apaixonados ou influenciadores pagos que consigam intimidar esse papel.
A democracia não respira sem imprensa livre. Se Odair acredita que pode governar sem crítica, está enganado. A mesma cidade que o ouviu no rádio precisa ouvir, agora, o jornalismo que mostra as falhas e os desvios de sua gestão. O microfone não é mais só dele. A palavra, em Barretos, continua sendo do povo — e a imprensa é sua caixa de ressonância.
Exagerando, para deixar ainda mais claro: a história é implacável com quem tenta calar vozes. O jornalismo sobrevive a governos. Prefeitos passam (restam praticamente 3 anos). A imprensa livre fica.
