A conta da carne: O peso da perda de mercado e o futuro da economia brasileira
A conta da carne: O peso da perda de mercado e o futuro da economia brasileira
A conta da carne já chegou, e quem vai pagar o preço somos nós, os brasileiros. Com a diminuição das exportações, o fluxo de dólares vai encolher, e a consequência é inevitável: a desvalorização do real, uma inflação galopante e, claro, o trabalhador na linha de frente dessa tempestade. O efeito já se reflete nas prateleiras dos supermercados: não apenas a carne, mas o café, o suco de laranja e todos os itens que alimentam nosso dia a dia vão subir de preço. E, se você acha que a carne vai ficar mais barata porque os Estados Unidos deixaram de comprar, está enganado. Vai sobrar carne no Brasil? Talvez, mas, em compensação, vai sobrar conta para pagar.
Em 2024, os Estados Unidos foram responsáveis por 24% das exportações de carne bovina do Brasil. Perder esse mercado é um golpe profundo. Não estamos falando apenas de um comprador grande. Estamos falando de uma perda estratégica de poder no jogo comercial global, que afeta toda a economia do país. A carne, um dos principais produtos de exportação, sempre foi uma válvula de escape para os altos custos internos e um dos maiores geradores de dólares para o Brasil. Com a redução desse mercado, a balança comercial pende para o lado negativo, e o preço da carne não é mais uma preocupação apenas para o prato do brasileiro, mas para toda a economia nacional.
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Vamos ser claros: o Brasil ainda não aprendeu a jogar o jogo comercial global. E enquanto não entender que as regras mudaram e que os mercados são movidos pela demanda internacional, a crise será cada vez mais aguda. Não basta ser um grande produtor; é preciso saber se posicionar, negociar, diversificar e, principalmente, não depender de um único mercado. A falta de competitividade e a falta de um plano estratégico de exportação nos coloca no papel de consumidores locais, enquanto os grandes do mundo continuam ditando as regras. A carne vai sobrar, sim, mas quem vai pagar por isso é o trabalhador brasileiro.
A inflação vai estourar, o poder de compra vai cair, e a falta de exportação vai tirar empregos, especialmente no setor agropecuário e em indústrias que dependem da carne. O Brasil já é conhecido mundialmente pela sua capacidade de produzir, mas será que estamos preparados para lidar com os impactos dessa perda de mercado? O que vemos, até agora, é um governo sem estratégias claras, incapaz de minimizar as consequências de uma crise que não estava prevista, mas que já estava batendo à porta.
Portanto, 2024 será um ano de decisões difíceis. O Brasil vai continuar dependendo de migalhas ou vai começar a disputar o banquete mundial de igual para igual? Ou, no fim das contas, quem vai comer o banquete serão apenas os grandes players do mercado internacional, enquanto o trabalhador brasileiro se contenta com o restante da carne.
Igor Sorente é jornalista e empreendedor nos segmentos de marketing, audiovisual e produção de conteúdo.