Câmara de Barretos ajusta regras e define novos limites para despesas de viagens e alimentação
Zelo nos olhos dos outros é refresco
Barretos ganhou de presente, e presente de grego, a nova secretaria municipal de zeladoria, aprovada pelos vereadores na sessão do dia 23 de junho. Salvo engano, fora proposta em campanha pelo então candidato e atual prefeito. Em entrevista à Rádio Jornal, ele afirmou que foi uma resposta direta à desorganização entre secretarias e à falta de cuidado com a cidade.
Isso me faz refletir sobre alguns pontos:
1 – Se o próprio prefeito afirma que há uma desorganização entre as secretarias, não foi ele que escolheu esses secretários? Não é obrigação dele organizar a bagunça? Ou será que foi algo intencional para “forçar” a aprovação da nova secretaria? O que deixaria, claramente, total despreparo político. Despreparo porque, talvez, ele tenha deixado a cidade abandonada por 6 meses pra conseguir a nova secretaria, o que seria uma enorme falta de ética, ou ele reconhece que foi, ao menos neste início, incapaz de gerir a prefeitura e necessita subdividir o trabalho para facilitar a gestão.
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2 – Se ele herdou essa desorganização da gestão passada, não é bom ele apoiar a candidatura de Paula Lemos (PSD) à deputada, mesmo com os “padrinhos políticos” dele apoiando. Ou é? Se ele manteve a desorganização, ele é uma continuação do governo dela? O governo da Senhora Lemos demorava, e muito, mas fazia a roçada. O atual tem demorado ainda mais. Há bairros abandonados. Ou seja, ele piorou a situação. Volto no primeiro ponto, seria intencional pra criar a nova secretaria, ou despreparo político mesmo?
3 – Se o próprio prefeito alega desorganização entre secretarias, onde estão os vereadores pra fiscalizar isso? Deveriam cobrar o prefeito, ao invés de mimosear seus culhões, aprovando o projeto. Fez parecer que a diminuição da margem para publicidade nos jornais da cidade foi demonstração de força política ao prefeito e não “cuidado com o erário municipal”. Isso, claro, escrevo sobre os que demonstram autonomia, mesmo com uma atitude política fisiológica e não visão de povo, mas que ao menos terão coragem de votar contrário a algo que possa vir a ser nocivo à cidade. Não escrevo sobre os quais, já desde a administração passada, o chefe do executivo brinca de ventríloquo.
A visão é clara, nítida: se já há, distribuída entre as atuais secretarias, os devidos cuidados para com o município, que funcionava na época de outros prefeitos, e que até mesmo na demora da administração Lemos, não se falou em nova secretaria, por que a necessidade de se criar mais uma? Não seria o caso de fazer as existentes, simplesmente, trabalharem? Aliás, o senhor prefeito quando assumiu não disse que garantia o primeiro mês a todos os secretários, a fim de que se ambientassem, mas que a partir do segundo as cobranças seriam mais rígidas? Então, já se foram seis meses. E aí? Prometeu e não vai cumprir? Precisava mesmo de nova secretaria?
Óbvio que é uma singela opinião deste modesto munícipe. Nada pessoal. Apenas, reflexões sobre o cenário político da cidade. Semana passada até parabenizei a nova frota de ônibus. Mas, o artigo ainda não havia sido publicado, já comecei a colher críticas. Agradar o povo é difícil, sabemos, mas os ônibus não tinham que manter o horário? O pessoal está perdendo o transporte porque, ora o ônibus passa antes do horário marcado, ora atrasa, o que causa também inconvenientes. A questão de não ter a integração no terminal e simplesmente não avisar a população, nem vou comentar a falta de respeito. Se faz vídeo mostrando o lado bom, que é a nova frota, deveria também ter a dignidade de falar: “Mas pessoal, olha só, pra a empresa assumir tudo isso, a integração do terminal já era.” Ou falasse em tom mais formal. Aqui no exemplo fui coloquial.
Gostaria muito de falar sobre a questão de Barretos ter candidatura única ao legislativo estadual. Mas o espaço que me sobra é pouco. Alô redação, me ajuda aí! Libera mais uma ou duas laudas!
Sobre isso, percebo há anos uma certa resistência a Sebastião Santos (REP), mesmo partido do governador e, vejam só, do nosso prefeito. Vale recordar que, se é o presidente do partido que libera as candidaturas, foi Sebastião Santos que deve ter aprovado a candidatura do Odair.
Sebastião, que já se diz deputado por Barretos, mas veio de cidade vizinha e a turma política daqui resiste, para não dizer que não admite deixar “o osso”. Paula Lemos, como já mencionado, lançou pré-candidatura, a meu ver, a má gestão como prefeita pode macular a campanha, embora, em outro artigo, eu já ponderei que não nego que, enquanto na Câmara Municipal, ela era muito combativa. Conseguiu até título de cidadão barretense para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB), quando era do mesmo partido que ele. Se esqueceu? Enquanto vereadora, em seu primeiro mandato, ela foi do Partido Comunista do Brasil.
Há quem diga nos bastidores que um possível acordo político amarra Odair Silva a ela, mesmo, repito, tendo Sebastião Santos não apenas do mesmo partido, como presidente do partido no município. Mas, em política, nada me surpreende mais. A cidade ficará agitada no próximo ano. Espero que consigamos eleger alguém, ao menos para nos representar na Legislatura Estadual. Barretos não somente precisa. Barretos merece.
Tulio Guitarrari
Filósofo, técnico contábil e jornalista.