Onde a verdade encontra a democracia.
DESDE 2015

Crédito caro reduz intenção de investimento da construção ao menor nível desde 2023

 Crédito caro reduz intenção de investimento da construção ao menor nível desde 2023

Sondagem da CNI mostra que empresários seguem preocupados com juros altos; confiança recua em agosto. (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil)

O índice de intenção de investimento da indústria da construção caiu em agosto para 40 pontos, o menor nível registrado desde abril de 2023. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O principal motivo apontado para a retração é o impacto das altas taxas de juros, que encarecem o crédito e dificultam a abertura de novos empreendimentos.

De acordo com Renato Correia, presidente da CBIC, o cenário de crédito caro tem limitado operações no mercado e provocado cautela no setor. Ele projeta, no entanto, que os lançamentos possam ser retomados até o fim do ano. No segundo trimestre de 2025, segundo a pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais, foram comercializados 102.896 imóveis, movimentando cerca de R$ 68 bilhões — resultado estável em relação aos quatro trimestres anteriores.

Apesar de alguns sinais de melhora operacional em julho, como o aumento da Utilização da Capacidade Operacional (UCO) e do número de empregados, o otimismo não se refletiu no humor dos empresários. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da construção recuou 1,3 ponto, atingindo 45,8 pontos em agosto. Valores abaixo de 50 indicam pessimismo, reflexo principalmente da percepção negativa em relação à economia nacional.

Expectativas e insumos em queda
A sondagem mostra ainda que a expectativa de nível de atividade caiu 1,7 ponto, chegando a 51,4, enquanto o índice de novos empreendimentos e serviços recuou 0,4 ponto, fechando em 50,1. Já a expectativa de compras de insumos e matérias-primas teve queda mais acentuada, de 2,4 pontos, ficando em 49,8 — abaixo da linha que separa crescimento de retração.

Segundo Isabella Bianchi, analista de Políticas e Indústria da CNI, o cenário de juros altos continua pressionando o ambiente de crédito, fundamental para o setor. Isso explica as projeções menos positivas para atividade, empregos e novos projetos.

Impacto na cadeia produtiva
Na avaliação do economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, a dificuldade de crédito em condições favoráveis pode levar construtoras a adiar projetos e reduzir a compra de materiais, o que afeta toda a cadeia produtiva — de fornecedores de cimento e aço a empresas de serviços especializados. Esse efeito cascata pode comprometer a geração e manutenção de empregos no setor.

Petrucci acrescenta que a falta de atualização nos subsídios e limites do programa Minha Casa Minha Vida também reduz o estímulo para investimentos. “Quanto mais tempo passa sem adequações, mais o custo de construção sobe, e os lançamentos precisam se ajustar a uma nova realidade de mercado”, afirmou. Para ele, o programa precisa ser revisado para recuperar impacto no setor.

Pesquisa
A Sondagem Indústria da Construção foi realizada entre 1º e 12 de agosto, ouvindo 318 empresas em todo o país. Entre elas, 122 de pequeno porte, 131 médias e 65 grandes.

Fonte: Brasil 61

Igor Sorente

Relacionado

Ops, você não pode copiar isto!