Morre aos 101 anos a médica Scylla Prata, fundadora do Hospital de Amor em Barretos
Aos 101 anos, Scylla Prata foi uma das fundadoras do Hospital de Amor em Barretos — Foto: Arquivo pessoal Dra. Scylla Duarte Prata
A médica Scylla Duarte Prata, uma das fundadoras do Hospital de Amor em Barretos (SP), faleceu na noite de sábado (14), aos 101 anos. Reconhecida por sua atuação pioneira na prevenção e tratamento do câncer, ela deixa um legado de dedicação à saúde pública e à filantropia. O velório ocorre neste domingo (15), na Capela Sagrado Coração de Jesus, e o sepultamento está marcado para as 15h, no próprio hospital, ao lado do marido Paulo Prata.
A Prefeitura de Barretos decretou luto oficial em homenagem à médica, e a Câmara Municipal, assim como a Associação Comercial e Industrial de Barretos (ACIB), divulgaram notas de pesar.
Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em 1949, Scylla foi uma das poucas mulheres da turma. Enfrentou preconceitos ao longo da carreira, mas se destacou por sua atuação na área de ginecologia e, principalmente, na luta contra o câncer no interior de São Paulo.
Ao lado do marido, o médico Paulo Prata, ela ajudou a fundar, em 1962, o então Hospital São Judas Tadeu, que mais tarde se tornaria o Hospital de Amor, referência nacional e internacional no tratamento oncológico.
Segundo relatos de familiares, foi Scylla quem sustentou financeiramente o início da instituição, trabalhando tanto no hospital quanto em sua clínica particular para garantir os recursos necessários. Em 1967, o hospital passou a ser mantido pela Fundação Pio XII, focando exclusivamente no atendimento de pacientes com câncer.
Uma das marcas da trajetória de Scylla foi o pioneirismo na prevenção do câncer ginecológico, levando exames como o papanicolau para regiões afastadas. O trabalho começou de forma simples, com atendimentos domiciliares e uma bicicleta, mas evoluiu para as conhecidas carretas de prevenção que hoje percorrem o Brasil oferecendo exames gratuitos.
Além da atuação profissional, Scylla era conhecida pelo espírito generoso e pela fé. Em 2000, foi abençoada pelo Papa João Paulo II durante uma viagem ao Vaticano.
Mãe de cinco filhos, entre eles Henrique Prata, atual presidente do Hospital de Amor, Scylla também deixa 13 netos e 19 bisnetos. Os familiares destacam a dedicação da médica à família e ao trabalho, sempre conciliando as duas responsabilidades com energia e carinho.
Mesmo após se afastar das atividades profissionais, devido a problemas de visão e um AVC sofrido aos 94 anos, Scylla permaneceu como uma inspiração para colegas, pacientes e colaboradores do hospital.
O legado da médica segue presente nas ações de prevenção, nos atendimentos e no acolhimento que são marcas registradas do Hospital de Amor, instituição que ela ajudou a transformar em referência na América Latina.