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Buscar investimentos exige gestão eficiente e articulação política

 Buscar investimentos exige gestão eficiente e articulação política

Em vídeo publicado nesta quarta-feira (30) em sua rede social, o prefeito municipal de Barretos, Odair Silva (Republicanos), informou à população que entrou em contato com representantes da Coca-Cola. A empresa noticiou recentemente que estuda instalar uma nova unidade no interior de São Paulo. Segundo o prefeito, foi manifestado o interesse de Barretos em receber essa unidade, mas a resposta da empresa indicou que, por já possuir fábricas em São José do Rio Preto e em Ribeirão Preto — cidades próximas —, a intenção seria buscar uma nova região para essa expansão.

A negativa era, ao meu ver, previsível, considerando a proximidade com essas cidades, que possuem maior capacidade de atração de investimentos do que Barretos — vista, inclusive por parcela significativa da própria população, como uma “cidade parada no tempo” ou “terra de coronéis”. Essa percepção reforça a imagem de um município que resiste ao progresso, impedindo que grandes investimentos gerem a prosperidade que tanto necessita. Alguns desses possíveis “coronéis” mantêm, ainda hoje, o que chamo de “salário padrão Barretos”: abaixo da média de outras regiões. Desde que cheguei aqui, há 13 anos, ouço essa queixa — e, infelizmente, constato sua veracidade.

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Faço aqui um adendo importante: não adiantará o prefeito atrair empresas se a população não estiver qualificada. É preciso constante atualização profissional, por meio de cursos e capacitações. O atendimento que recebo em diversos estabelecimentos, independentemente do setor, transmite a sensação de que o funcionário quer apenas “se livrar de você”. Minha formação em Filosofia ajuda-me a compreender a essência e o comportamento humano, e aliada à formação contábil, posso afirmar: muitos querem o emprego, mas não o trabalho. Querem o salário, mas não o ônus da função. Se uma grande empresa se instalasse hoje em Barretos, teria dificuldade em encontrar mão de obra qualificada.

Voltando à questão dos investimentos, o prefeito afirmou ter “cumprido seu papel institucional”. No entanto, entendo que esse papel só se cumpre plenamente quando o objetivo é alcançado: viabilizar empregos e desenvolvimento ao município. Dizer “cumpri meu papel” e, ao mesmo tempo, sugerir que a empresa “não quis vir” é um gesto semelhante ao de Pôncio Pilatos: lavar as mãos. Isso não condiz com a postura que se espera de um governante. Como já mencionei, a negativa era quase certa diante da estrutura que a Coca-Cola já possui em cidades maiores e mais bem preparadas. Contudo, há outras possibilidades — empresas nacionais e, por que não, estrangeiras — que poderiam ser abordadas. Falta menos vídeo e mais articulação política.

Ainda que, na minha opinião, tenha faltado uma visão estratégica ao apostar na Coca-Cola — cuja recusa era previsível —, reconheço um mérito: o prefeito sonhou alto. E Barretos não apenas merece, como precisa de sonhos dessa magnitude que se convertam em realidade. Espero que o senhor prefeito continue mirando alto e, inspirado por esse sonho, busque empresas do porte da Coca-Cola que possam, de fato, concretizar aquilo que os barretenses há anos ouvem em promessas eleitorais.

Reitero: menos vídeo, mais política.

Tulio Guitarrari
Filósofo, técnico em contabilidade, jornalista e pós-graduado em Ciências Políticas e Teologia.

Redação

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