Onde a verdade encontra a democracia.
DESDE 2015

Política não é ideologia: o pragmatismo dos prefeitos e a busca por recursos

 Política não é ideologia: o pragmatismo dos prefeitos e a busca por recursos
  • Editorial é a opinião institucional do veículo de comunicação.

Se tem uma imagem que sintetiza bem o que é a política brasileira, é essa: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o prefeito de Barretos Odair Silva (Republicanos), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o ministro da Saúde Alexandre Padilha e a coordenadora nacional do SAMU. À primeira vista, um time improvável, ideologicamente incompatível. Mas aí está o grande equívoco: política não é símbolo, não é cor de roupa, não é identidade de grupo. Política é prática, é articulação, é resultado.

Enquanto parte da população se engalfinha em discussões histéricas sobre “esquerda” e “direita”, prefeitos, vereadores e gestores públicos sérios estão batendo na porta de gabinetes em Brasília para conseguir recursos. O prefeito Odair Silva fez o que qualquer gestor municipal competente deveria fazer: pleiteou ambulâncias para renovar a frota do SAMU. Não importa se o presidente é do PT e ele é do Republicanos. O que importa é que a população de Barretos agora tem melhores condições de atendimento médico de emergência. Assim como Colina e Colômbia que também receberam ambulância para renovar a frota.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Entrega de 789 Novas Ambulâncias do SAMU. Alto da Boa Vista – Sorocaba – SP. Foto: Ricardo Stuckert / PR

A política municipal é o primeiro front de batalha. O vereador é o primeiro que leva pancada quando o posto de saúde não tem médico, quando a escola está sem merenda, quando a rua está esburacada. Ele não tem tempo para perder em discussões ideológicas inférteis. E é por isso que prefeitos, independente de partido, vivem em romaria até governadores e o presidente da República para conseguir verba. Não é uma questão de vontade pessoal de Lula, Bolsonaro ou qualquer outro mandatário: é a lógica do pacto federativo, que centraliza cerca de 70% dos tributos na União. Quem quis assim foi o legislador constituinte de 1988, e não um “plano maligno da esquerda” ou um “boicote da direita”.

Quem entende de política de verdade, entende a importância de manter canais abertos com os governos federal e estadual. Não é “passar o pires”, é lutar por recursos que pertencem à própria população. É isso que Odair Silva fez ao pedir as ambulâncias. E ele não foi o único: o advogado Eliezer Zanin e o sindicalista Carlos Cesar Gonçalves, o “Cacá dos Rurais”, ambos do PT, também fizeram o mesmo pedido. Isso se chama pragmatismo político.

Agora, se você prefere a política de palco, de frases de efeito, de tweets inflamados e brigas em grupos de WhatsApp, parabéns: você está jogando contra o seu próprio interesse. Porque enquanto você briga com o seu cunhado sobre “socialismo” e “conservadorismo”, o prefeito da sua cidade está tentando garantir verba para um hospital, uma creche ou uma estrada.

A política real é suja? Sim. Tem negociata? Sim. Mas é nela que se decide quem terá acesso a serviços públicos de qualidade e quem ficará à mercê da sorte. Enquanto o debate público for sequestrado por um bando de gente alucinada, desrespeitosa e perdida em teorias conspiratórias, quem realmente entende de política continuará tomando as decisões que importam.

E quando você precisar de uma ambulância do SAMU, de uma UPA bem equipada ou de uma escola decente para o seu filho, não será a ideologia que irá te socorrer. Será o gestor que soube jogar o jogo do poder e trouxe os recursos para onde eles são necessários.

Redação

Relacionado

Ops, você não pode copiar isto!