Editorial: Entre família, fé e liderança – a construção do projeto político de Odair Silva
Barretos: alta nos índices de violência sexual e encerramento de Casa de Abrigo ampliam vulnerabilidade de mulheres na região
Barretos figura no ranking das 50 cidades brasileiras com as maiores taxas de estupro em 2023, ao lado de Botucatu e Ourinhos, segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O relatório, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que apenas municípios com mais de 100 mil habitantes foram analisados.
A publicação destaca que, em âmbito nacional, o número de estupros atingiu 83.988 casos, representando um aumento de 6,5% em relação a 2022. Isso equivale a um estupro a cada seis minutos no país, sendo o maior número registrado desde 2011, início da série histórica.
No cenário local, o fechamento da Casa de Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência, previsto para 31 de dezembro de 2024, aprofunda a situação de vulnerabilidade enfrentada por mulheres e crianças em Barretos e cidades vizinhas, como Colina, Guaíra, Monte Azul e Olímpia.
Dados alarmantes de violência sexual e doméstica
Conforme o anuário, 76% dos casos de estupro no Brasil envolvem vulneráveis, como menores de 14 anos e pessoas incapazes de consentir. A maioria das vítimas é composta por meninas negras de até 13 anos, com 88,2% dos casos sendo de vítimas do sexo feminino. Em 61,7% dos casos, a violência ocorre dentro de casa, sendo frequentemente praticada por familiares ou pessoas próximas.
Os registros de violência doméstica e sexual refletem o crescimento de outras modalidades de violência contra mulheres, incluindo feminicídios (+0,8%) e violência psicológica (+33,8%).
Impacto do fechamento da Casa de Abrigo
A Casa de Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência, inaugurada em junho de 2024, oferecia proteção, alimentação e assistência a mulheres e crianças em situação de risco extremo. O encerramento das atividades, causado pela falta de repasse de recursos do governo estadual e pela desistência de municípios como Guaíra em renovar contratos, coloca dezenas de vítimas em uma situação de risco iminente.
“Com o fechamento, as mulheres perderão o espaço seguro onde podiam se refugiar e recomeçar suas vidas longe de seus agressores. A ausência dessa estrutura as deixa novamente expostas à violência”, explicou Anderson de Souza Alves, presidente do Instituto O Amor, responsável pela gestão da unidade.
O acolhimento, realizado exclusivamente por encaminhamentos de órgãos como a Delegacia da Mulher e o Centro de Referência de Atenção à Mulher (CRAM), atendia vítimas que não possuíam rede de apoio e enfrentavam risco de morte. Com o encerramento, a região carece de alternativas para garantir a segurança e o sigilo necessários às vítimas.
Necessidade de ações urgentes
O aumento da violência contra mulheres, somado à perda de recursos essenciais como a Casa de Abrigo, destaca a necessidade de políticas públicas voltadas à proteção e ao acolhimento de vítimas. Especialistas apontam para a urgência de investimentos em redes de apoio regionais e na ampliação de medidas preventivas, a fim de enfrentar a escalada da violência na região de Barretos.