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SAMU e UPA são desafios que passam pela educação da população, sugere profissionais da saúde
Na noite de quinta-feira (26), a Câmara Municipal de Barretos promoveu uma Audiência Pública para discutir políticas públicas na área da saúde, com foco em propostas para melhorias no curto, médio e longo prazo. O evento foi aberto à participação popular e contou com a presença de representantes de diversos setores da saúde.
A iniciativa foi do vereador Rodrigo Malaman (PP), por meio do Requerimento nº 1062/2024, que destacou diversas questões relacionadas aos serviços de saúde em Barretos.
Desafios da UPA: educação e atendimento primário
Durante a audiência, Laís Caroline Almeida Paiva, representante da OSC responsável pela gestão da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), abordou a complexidade do atendimento na unidade. “Falar da UPA é um assunto polêmico. Sou médica de família e, ao assumir a coordenação da UPA, enfrentamos desafios devido à falta de educação e saúde na população. Hoje, 88% dos atendimentos na UPA são de casos não graves que deveriam ser direcionados à Atenção Primária”, afirmou.
Paiva destacou a necessidade de educar a população sobre quando procurar a UPA e quando buscar atendimento primário. “Nosso objetivo é mostrar que cada paciente deve ser atendido no local adequado para resolver sua demanda. Isso reduziria os problemas causados pela sobrecarga de atendimento na UPA.”
SAMU: Desafios e educação para o uso correto
O Dr. Guilherme Spina da Rocha, representante do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), também participou da audiência. “Atendemos não apenas Barretos, mas uma região com cerca de 400 mil pessoas. Enfrentamos sobrecarga de chamadas, muitas vezes para casos que não necessitam de atendimento de urgência”, explicou.
Rocha ressaltou a importância da educação da população sobre o uso correto do SAMU. “Estamos retomando cursos em unidades escolares para educar crianças, que podem levar esse conhecimento para suas famílias. Além disso, vamos capacitar profissionais da Atenção Básica para direcionar melhor os pacientes”, disse.
Para ex-secretário, é insano
Kleber Rosa, ex-secretário municipal de saúde, destacou a sobrecarga enfrentada pelos profissionais do SAMU, mencionando casos de médicos realizando plantões de até 96 horas. “O Guilherme [Guilherme Spina da Rocha] comentou da dificuldade, o SAMU é acionado 24 horas, o pessoal se mata lá. Eu já vi médicos fazerem 96 horas de plantões seguidos. Vai alguém de nós tentar fazer um negócio desse? É insano”, afirmou.
Ele explicou que, para manter a escala de atendimentos, o SAMU conta com uma unidade mais avançada e duas outras unidades que atendem chamadas sem a presença de um médico. No entanto, ele destacou que muitas das chamadas recebidas não necessitam de atendimento emergencial, sobrecarregando o serviço. Rosa lembrou que, durante seu mandato, foi feito um esforço para renovar a frota de ambulâncias, que se encontrava sucateada.
As ambulâncias, segundo ele, percorrem longas distâncias diariamente, o que resulta em frequentes quebras de amortecedores e outros problemas mecânicos. Kleber Rosa sugeriu a criação de um plano de reposição de equipamentos e a melhoria da logística, talvez com a ajuda de especialistas na área.
Para melhorar a situação do SAMU e da saúde pública em geral, o ex-secretário propôs um foco total na atenção primária, com profissionais habilitados e capacitados. “Acho que o primeiro passo seria 100% de atenção primária. Mas aí é um processo, acho que cada rede tem que ser discutida, tem que ser formado, montado um grupo”, explicou.
Ele concluiu ressaltando a importância de um plano diretor para a saúde em Barretos e a necessidade de envolvimento dos vereadores para garantir a implementação dessas melhorias. “Barretos tem que exigir que tenha um plano diretor na área da saúde. E aí, a gente pode contar com o apoio dos vereadores para fazer cumprir esse projeto”, finalizou.
Caminhos para o futuro da saúde em Barretos
A audiência pública evidenciou a necessidade de uma abordagem integrada entre UPA, Atenção Primária e Santa Casa, com foco na educação da população e na eficiência dos atendimentos. Tanto Paiva quanto Rocha enfatizaram a importância de um esforço coletivo para melhorar a saúde pública em Barretos, destacando que a educação é a chave para reduzir a sobrecarga nos serviços de saúde e garantir um atendimento mais eficaz para todos.