Para ministro interino, Barretos foi peça fundamental na promoção da igualdade racial

 Para ministro interino, Barretos foi peça fundamental na promoção da igualdade racial

Juvenal Araújo Junior, Ministro Interino dos Direitos Humanos participou do programa Café com Prosa na Rádio Jornal. (Foto: Marcello Casal/ Agência Brasil)

“Barretos tem uma história muito forte ligada a questão da promoção da igualdade racial.” A afirmação é de Juvenal Araújo Junior, Ministro Interino dos Direitos Humanos durante o programa “Café com prosa” na Rádio Jornal. Lembrou que Barretos teve um papel muito importante quando em 1936 foi criada a Sociedade Beneficente e Recreativa Estrela D’Oriente, logo após a criação da Frente Negra Brasileira em 1931 em São Paulo.

“Barretos foi uma peça fundamental e tem uma importância muito forte na questão da promoção da igualdade racial.” – explica Juvenal ao apresentador Raphael Dutra.

História
Fundada em 1º de janeiro de 1936, a Sociedade Beneficente e Recreativa Estrela D’Oriente surgiu a partir da necessidade sentida por um grupo de amigos de se ter um espaço voltado para a população negra, a qual sofria com inúmeras formas de segregação.

Pesquisa feita por Paulo Cesar Alves e publicada na Revista África e Africanidades, revela que a diversão negra se restringia a desfiles de rua, pois não eram bem recebidos em salões frequentados por brancos e se viam,  alijados do acesso às oportunidades que garantiam ascensão social, amplificando o quadro de desigualdades na medida em que os privilégios da classe dominante eram reforçados.

O Estrela foi criado em resposta à dificuldade ou à impossibilidade do acesso do negro a certos espaços além da escola de samba.

Com raízes profundas na tradição carnavalesca, o Estrela consolidou seu nome na tradição carnavalesca com participações nos carnavais de Barretos nos quais surpreendia a todos com a qualidade dos enredos, das fantasias e da paixão expressa de seus sambistas.

As mensagens transmitidas nos desfiles através dos sambas-enredos, chamavam a atenção pelos aspectos históricos abordados em suas letras, muitas vezes relacionados à situação do negro no Brasil.

Apesar de sua tradição no meio carnavalesco, o Estrela tinha em sua característica a “sociedade beneficente e recreativa” que garantiu apoio social e material aos associados demonstrando a sua importância enquanto organização negra que buscava estratégicas capazes de amenizar sofrimentos gerado pelas desigualdades sociais vivenciadas pelos negros.

Segregação
Entrevista realizada pelo pesquisador Paulo Cesar Alves revela que “a segregação instaurada na sociedade barretense no período do Estrela, em 1936, destacando que o negro era discriminado naquela época e não podia entrar no Grêmio, um clube destinado à elite branca da cidade e da região.”

De acordo com Paulo Cesar Alves, as transformações ocorridas ao longo do tempo fizeram do Estrela um local também aberto a todo cidadão que desejasse participar das ações que ali eram desenvolvidas. “Tais transformações só passaram a ocorrer com maior visibilidade, em Barretos, a partir da década de 1970, também como consequência das influências advindas de um cenário macro, nacional e internacional, que estimulou e intensificou o debate acerca das relações raciais no Brasil.”

Igor Sorente

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