Profissionais da saúde têm dificuldades para tratar a obesidade, avalia especialista
O consumo de produtos emagrecedores costuma ser bastante estimulado no Brasil, inclusive por parte dos profissionais da saúde. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil é um dos países que mais consomem anfetaminas na América do Sul.
Desde 2011, a venda de medicamentos inibidores de apetite à base das substâncias femproporex, mazindol e anfepramona está proibida no país. Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu as vendas de fitoterápicos emagrecedores. Ainda assim, muitas pessoas recorrem a essas substâncias como modo de perder peso, com o aval de especialistas. No entanto, existem formas mais eficazes para promover o emagrecimento, e que não trazem tanto risco à saúde.
Segundo Gladia Bernardi, nutricionista, muitas vezes um dos grandes “culpados” pelo ganho de peso do paciente é o próprio profissional que o atende. Ao longo de sua experiência, ela já observou transformações efetivas, assim como resultados inacabados, e notou algumas falhas que prejudicam a perda de peso eficiente.
Combate à autossabotagem
Fatores como autossabotagem e criação de uma zona de conforto são marcantes na realidade dos obesos, e essas questões precisam ser exploradas a fundo pelo profissional de emagrecimento, para que o tratamento tenha sucesso. “Somente uma prescrição perfeita e a seleção de alimentação mais personalizada, por si sós, não garantirão que o cliente siga o tratamento e tenha resultados. Além disso, é necessário trabalhar na raiz do problema, lidando com questões mentais como a autossabotagem e a zona de conforto.” – diz a especialista.
“Muitos pacientes dizem estar comprometidos com o processo, mas acabam se autossabotando ao adotar atitudes indesejadas e criando armadilhas para si mesmos, dessa forma comprometendo o cumprimento da meta desejada. Esse é um problema mais comum do que se imagina, e o profissional precisa estar atento a ele, dando apoio ao paciente para que não se torne mais uma vítima.”
De acordo com Gladia, o mesmo acontece com a chamada “zona de conforto”. “Assim como acontece com qualquer pessoa em determinados momentos os obesos podem enfrentar essa dificuldade, que basicamente é a tendência em buscar o que é mais fácil, cômodo e conhecido, em que se sente “protegido”. Esse é outro aspecto que atrapalha o emagrecimento, e para o qual os profissionais devem dar atenção.”
Firmeza e autoridade
A especialista defende ainda que os profissionais não devem assumir uma atitude paternalista em relação aos seus pacientes. O ideal é que o paciente comece a sentir os resultados logo no início do tratamento, para que ele não desista e busque alternativas questionáveis. “O profissional deve atuar como um provocador junto ao paciente, questionando qual é o objetivo dele em buscar ajuda, o estilo de vida que quer ter dali para a frente, e sua disposição em trabalhar a mente para que mude.” – explica Gladia.
A partir destas respostas, o tratamento é colocado em outro patamar, como uma prioridade para o paciente, e com respeito à consultoria prestada pelo profissional. “Quando bons argumentos são apresentados ao paciente, transparecendo a real preocupação do profissional com relação à doença em questão, um voto de confiança é depositado neste projeto de vida, para que os resultados surjam rapidamente.” – pontua a especialista.