Reconstrução de mama tem muitos desafios

 Reconstrução de mama tem muitos desafios

O Senado aprovou projeto de lei que obriga o SUS (Sistema Único de Saúde) a fazer plástica reparadora imediatamente após a retirada da mama, preferencialmente no mesmo procedimento cirúrgico, em casos de câncer. 

Segundo o médico mastologista Ângelo Gustavo Zucca Mathes, dos 60% das mulheres mastectomizadas, apenas 5,4% tem a mama reconstruída pelo SUS. “Quando se faz uma reconstrução mamária, você completa o tratamento da mulher.” A lei foi criada porque as cirurgias são adiadas “indefinidamente” em muitas unidades do sistema público habilitadas para o procedimento. 

Zucca é coordenador do Centro de Oncoplástica do Hospital de Câncer de Barretos, especialista em reconstrução de mama e um dos maiores defensores do procedimento no país. Ele integra uma equipe de seis mastologistas do hospital que faz a reconstrução imediata em 55% dos casos de câncer de mama. 

O fato de existir uma lei, não permite que a mama seja reconstruída imediatamente. Existem casos em que deverão ser feitas num segundo momento, como casos de tumores muito grandes em que a paciente precisará passar por sessões de radioterapia ou quimioterapia. Então, “é preciso esperar o resultado do tratamento, que dura entre seis meses e dois anos para fazer uma nova cirurgia.” – afirmou o médico, que disse que a lei pode ser mal interpretada pela população.


Desafios

Existem muitos desafios na terapia oncológica, no qual os médicos não garantem o resultado estético final. “Na cirurgia estética melhora-se para ficar mais bonito e na reconstrução temos variáveis como o tumor e o tratamento.” – declarou.

O trabalho psicológico é outro procedimento que não está disponível para todos os pacientes do Hospital de Câncer, devido a grande demanda. “A falta de escolaridade também influencia os pacientes a não frequentarem o consultório do psicólogo.” – afirmou Zucca. 

O Centro de Oncoplástica do Hospital de Câncer de Barretos formou 36 especialistas brasileiros para reconstrução da mama. “É lamentável saber que os profissionais não fazem a cirurgia por falta de formação ou porque são mal remunerados.” – disse. O Brasil tem poucos profissionais que trabalham com reconstrução, por dois fatores: a baixa remuneração do SUS  e as altas complicações da cirurgia. 


Prótese

De acordo com Zucca, a prótese paga pelo SUS custa R$ 700 e não possui forma. “Nós utilizamos a prótese holandesa de ótima qualidade e que custa R$ 1.500.” O Hospital de Câncer banca o valor adicional.

Igor Sorente

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