Praça Francisco Barreto: revitalização bilionária vira alvo de críticas e questionamentos em Barretos
- Reportagem
Redação- 0
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Inaugurada em clima de festa em 20 de dezembro de 2023, a Praça Francisco Barreto, no centro de Barretos, hoje é alvo de críticas, reclamações e requerimentos na Câmara Municipal. O espaço, que recebeu investimento de mais de R$ 7,6 milhões, sendo parte de recursos estaduais e contrapartida municipal, apresenta problemas estruturais e paisagísticos menos de dois anos após a entrega da obra.
A inauguração e a promessa de “resgate da família barretense”
Na noite da reinauguração, a então prefeita Paula Lemos (PSD) celebrou o que chamou de uma conquista para o lazer e a convivência da população. O evento reuniu cerca de 13 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, e contou com show da dupla sertaneja Rionegro & Solimões. No discurso, a prefeita destacou:
“O mais importante é entregar felicidade. Resgatar as famílias, para que elas possam de novo ocupar este espaço. Agora tem banco, tem árvores que vão florescer, assim como eu quero que a vida de vocês floresça”, disse Paula.
O projeto de revitalização, assinado pelo arquiteto Wilson Luís Bonatelli Filho, prometia requalificar o espaço com novos canteiros, playgrounds, paisagismo ornamental, praça de alimentação coberta e iluminação em LED.
Reclamações de comerciantes e frequentadores
Relatos e fotos enviados por leitores no último sábado (13) mostram uma realidade distante da planejada. Muitos canteiros estão sem vegetação, apenas com terra exposta. O pergolado da área de alimentação não recebeu a cobertura paisagística prometida, o que gerou críticas de comerciantes que enfrentam dificuldades durante períodos de chuva.
Além disso, moradores apontam problemas como:
- água brotando do piso da praça;
- palmeiras imperiais cortadas, com tocos deixados à mostra;
- infiltrações e goteiras em quiosques da praça de alimentação.
Vereadores pressionam prefeitura
Diversos requerimentos foram apresentados ao Legislativo desde 2024. Em janeiro de 2025, o vereador Ricardo Batista da Rocha, o Bodinho (PP), questionou cláusulas contratuais que obrigariam a empresa responsável a reparar pedras portuguesas soltas e paralelepípedos deteriorados.
Em maio de 2024, o vereador Paulo Corrêa (PL) cobrou providências sobre os pergolados que não protegem usuários do sol e da chuva. Já em agosto de 2025, o vereador Rodrigo Malaman (PP) alertou sobre a cobertura incompleta da área de alimentação e pediu solução imediata para goteiras que atingem clientes e comerciantes.
“Não é aceitável que em uma praça onde foi gasto mais de R$ 10 milhões os comerciantes e clientes fiquem sem poder utilizar o espaço de lazer e consumo. Faz-se necessário que providências sejam tomadas com urgência”, afirmou Malaman em seu requerimento.
Administração atual fala em manutenção
Na gestão de Odair Silva (REP), a prefeitura anunciou em março de 2025 que estava realizando a manutenção do paisagismo na Praça e no calçadão, com serviços de capina e poda. O secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marcelo Jamal Pereira, defendeu:
“Um espaço público bonito e bem cuidado atrai as pessoas, que consomem no local, impulsionando nosso comércio central”.
Apesar disso, os problemas apontados pela população e vereadores indicam que a manutenção rotineira não tem sido suficiente para resolver falhas estruturais da reforma.
Investimento milionário sob questionamento
O memorial descritivo da obra previa a criação de “pequenos ambientes e pracinhas internas” com espécies ornamentais de “mínima necessidade de conservação”, além de quiosques organizados sob pergolado metálico com cobertura vegetal. Contudo, parte dessas soluções não se concretizou na prática.
Com um custo inicial de R$ 7,6 milhões — havendo vereadores que falam em até R$ 12 milhões —, a reforma da principal praça da cidade se tornou alvo de debates sobre o uso dos recursos públicos e a responsabilidade da construtora contratada.
