Peão símbolo, Zé Feição era uma figuraça

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Peão símbolo da Festa do Peão de Barretos, o guapo José Alves Taveira, o saudoso Zé Feição, estava sempre elegante e se metia em qualquer assunto, tendo resposta para qualquer interrogatório ou fato.

Certa ocasião, quando vinha de Colina para Barretos, num trem da Companhia Paulista, acabou se desequilibrando na passagem entre os vagões e se esborrachou no chão. Sem perder a compostura, não se fez de rogado:

— “Pois nem o trem conseguiu me segurar! ”, gritou para quem espiava o vexame.

Segundo alguns amigos, ele era um falso peão. Hilário, montava numa eguinha “ruinzinha”, mas fazia um forfel. Chamava a atenção do público. Provocava risos, comentários, falatório, controvérsias, debates em torno de sua figura.

Na história da Festa do Peão existem duas versões para criações e autoria do início do evento. Há quem proclame que Alaor de Ávila foi o primeiro locutor de rodeio e autor da célebre frase “Segura Peão!”. Outros atribuem a Orlando Araújo, um dos fundadores de Os Independentes, o feito nos primórdios da Festa.

Segundo uma das versões contadas pelo Comendador Jota Carvalho, a montaria nos primórdios da Festa era tão ruim que Orlando Araújo falava com ironia no alto-falante:

— Seguraaaaa… Zé Feiçãooooo…. Seguraaaaa, meu fiooooo!…. Apertaaaaa….. Seguraaaaaa peãoooo!!!!….

Contam que certa ocasião Laudo Natel prometeu um cavalo para o Zé Feição. Tempos depois, eles se encontraram na rua São Luís, próximo ao Largo do Arouche, em São Paulo. Ao ver o político, o peão não titubeou e cobrou a dívida:

— Governadô!… Oce falô que ia me dá um cavalo. Eu tô esperando aquele cavalo até hoje, ó homi di Deus! Ondi foi pará essi cavalo?

O governador paulista chamou o secretário e mandou arrumar um cavalo para o peão oficial da Festa de Barretos.

Muita gente lembra que Zé Feição ficava na Mercearia Natal, na entrada da antiga zona de prostituição, no bairro Alvorada. Lá ele contava muitas histórias.

— Dizem que ele mentia mais que bula de remédio, confessou um amigo.

Zé Feição era boêmio, gostava da noite. Fanfarrão, falava muita besteira. Era uma figura excêntrica. Se dava bem tanto com os “pés-rapados” como com os fazendeiros. Em qualquer rodinha de boteco ele estava lá, divertindo e entretendo a todos com seus causos. Os ouvintes ficavam encantados, fascinados com suas histórias. Sua convicção convencia qualquer plateia, parecia mesmo que contava a verdade.

Ele era um dos destaques do desfile alegórico da Festa do Peão de Barretos pelas ruas centrais da cidade. Montado num belo cavalo, abria o cortejo falando versos e arrancando risos e aplausos do público.

Quando era presidente de Os Independentes, Daniel Bampa Neto patrocinou um livreto com os versos de Zé Feição, com a foto do dito cujo na capa. Um dos versos, dizia:

–“Zé Feição da briga ele não foge

Ele é um cabra abrasado,

Pois o seu chimite na cinta

E tua faca prateada”.

É também de sua autoria a frase:

–“Macaco que muito pula um dia encontra o galho quebrado”.

Depois de sua morte, Itamaracá e Jota Carvalho fizeram “Tributo a Zé Feição”, música gravada por André e Andrade, em 2008, no álbum “Patrimônio da Humanidade”, que pode ser encontrada no Youtube.

Há inúmeras histórias para contar sobre Zé Feição, que deixou saudades e lembranças em muita gente. Como ele mesmo se auto definiu em versos:

–“O Peão oficial dos Independentes

José Alves Taveira, vulgo Zé Feição

Briga no punhal, briga no facão

Briga no pé, briga na mão

Briga na carabina, briga no mosquitão

Ele não perde esta emoção”.

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Aquino José

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