Vereadora cobra informações sobre proposta da Guarda Civil Municipal em Barretos
“Chupim da Santa Casa?”: Fauze Daher responde ataque de vereador e cobra direito de defesa na Câmara de Barretos
O ambiente político da Câmara Municipal de Barretos esquentou após declarações explosivas do vereador Luiz Carlos Anastácio, o “Paçoca” (SD), durante sessão ordinária realizada em 12 de maio. O alvo foi o ex-vereador, médico e advogado Fauze Daher, acusado publicamente de ter “se enriquecido às custas da Santa Casa” e de ter sido um “chupim dos pobres”. Em resposta, Fauze rompeu o silêncio nesta terça-feira (20), em entrevista ao programa Jornal de Opinião, da Rádio Jornal, e anunciou que já acionou a Justiça para garantir seu direito de resposta na tribuna da Casa Legislativa.
A entrevista foi conduzida pelo jornalista Mazinho Dias e durou mais de meia hora. Nela, Fauze relatou ter se sentido profundamente ofendido pelas falas de Paçoca, classificando-as como caluniosas e infundadas. “Me chamou de bandido e de chupim da Santa Casa. Isso agride não só a mim, mas toda uma história de quase 50 anos de serviço médico prestado à população barretense”, afirmou.
Crítica política e reação acalorada
O estopim da crise teria sido um artigo assinado por Fauze Daher no Jornal de Barretos, onde o ex-vereador elogiava os parlamentares que aprovaram projeto de corte de verbas de publicidade da prefeitura. A medida, segundo ele, visa evitar desperdícios e redirecionar recursos para áreas essenciais como saúde e saneamento.
A reação do vereador Paçoca, no entanto, foi imediata — e dura. Em seu discurso, afirmou que Fauze “não apresentou um projeto sequer enquanto foi vereador” e o acusou de ter “usado e abusado” da Santa Casa de Barretos para benefício próprio. A fala foi marcada por termos pesados, como “bandido”, “inútil” e “chupim”.
“Não posso ficar calado”, diz Fauze
Durante a entrevista, Fauze defendeu sua trajetória como médico, relatando ter realizado mais de 10 mil cirurgias ao longo da carreira, inclusive em pacientes carentes, muitas vezes sem qualquer remuneração. “Eu era obstetra por 20 anos. Fiz cesáreas e partos em todas as camadas sociais, com a mesma dedicação. Sempre trabalhei com ética”, afirmou.
Sobre as acusações de se beneficiar da estrutura da Santa Casa, ele rebate: “Nunca usei a Santa Casa para enriquecer. Quem me conhece, sabe da minha conduta profissional.”
Fauze também mencionou que, em 2015, teve direito de resposta garantido na Câmara após ser citado em um episódio com Henrique Prata, gestor do Hospital de Amor. “Naquele momento, o então presidente Leandro Anastácio — filho do vereador Paçoca — reconheceu meu direito. Agora, o atual presidente Lupa [Luís Paulo Vieira] nega o mesmo direito, alegando parecer jurídico. Isso é incoerente”, criticou.
Medidas judiciais e espera por resposta institucional
Sem conseguir espaço na Câmara até o momento, Fauze informou que já ingressou com um mandado de segurança para garantir seu direito de se manifestar na tribuna. Paralelamente, anunciou que vai mover queixa-crime contra o vereador por calúnia. “A honra de qualquer cidadão, independentemente de cargo público, precisa ser preservada. Vou até o fim.”
Fauze declarou ainda que, caso a Justiça também negue o pedido, recorrerá aos meios de comunicação e redes sociais para apresentar sua versão dos fatos. “Não quero atacar ninguém, só quero me defender, com base no que a Constituição me assegura.”
Câmara dividida e tensão nos bastidores
A situação escancarou uma divisão interna na Câmara. Segundo Fauze, parte dos vereadores apoia sua ida à tribuna, inclusive alguns dos que foram elogiados no artigo do jornal que deu origem à polêmica. “Muitos já me mandaram mensagem dizendo que concordam com a minha fala e que apoiam o direito de resposta. Não entendo esse medo de me deixar falar.”
Ele também afirmou que há “pressões externas” tentando impedir sua manifestação, mas não citou nomes. “Estão blindando o Paçoca. Mas por quê? Se ele teve coragem de me acusar, por que não posso ter o mesmo espaço para me defender?”, questionou.
E agora?
Enquanto a Câmara silencia sobre o próximo passo, a população acompanha de perto a movimentação — principalmente nas redes sociais, onde o vídeo com as falas de Paçoca circula amplamente, gerando reações divididas.
O espaço está aberto ao vereador Paçoca para que se manifeste, conforme os princípios do bom jornalismo.
Resta saber se o embate político se resolverá na base do diálogo democrático ou continuará se desenrolando nos corredores da Justiça. De um lado, um vereador. Do outro, um ex-vereador e médico com décadas de história na cidade. No meio, o direito à palavra e à verdade — que, como sempre, tem mais de uma versão.