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Orquestra em silêncio: Vereador reforça cobrança por solução justa para jornada dos músicos em Barretos

 Orquestra em silêncio: Vereador reforça cobrança por solução justa para jornada dos músicos em Barretos

A polêmica envolvendo a jornada de trabalho imposta aos músicos da Orquestra Sinfônica Municipal de Barretos (OSMB) ganhou novo capítulo nesta semana com o requerimento apresentado pelo vereador Rodrigo Malaman (PP). No documento, o parlamentar cobra da Prefeitura informações atualizadas sobre as providências adotadas diante da exigência de 20 horas semanais exclusivamente presenciais, considerada incompatível com a natureza do trabalho artístico.

A solicitação foi formalizada como continuidade do Requerimento nº 422/2025, apresentado anteriormente pelo próprio vereador, e ocorre após semanas de manifestações públicas de músicos, declarações emocionadas do maestro e críticas de outros parlamentares e ex-gestores.

Reforço aos pedidos e críticas à falta de diálogo

No novo requerimento, Malaman reafirma pedidos que ainda não foram respondidos de forma satisfatória pela Administração Municipal. Entre eles, está a possibilidade de retirada da obrigatoriedade da presença física em todas as horas da jornada semanal, prática que ignora o tempo necessário para estudo individual e preparação técnica dos músicos fora do ambiente da Secretaria de Cultura.

O parlamentar também solicita esclarecimentos sobre os motivos que levaram à imposição dessa regra e defende a criação de uma Lei Complementar específica que regulamente a atividade dos músicos da orquestra, reconhecendo as particularidades da função artística.

“É urgente e necessário que se encontre uma solução justa e definitiva. A ausência de regulamentação tem provocado distorções que afetam não apenas a qualidade dos concertos, mas o bem-estar dos músicos”, pontua o vereador no texto.

Reunião emergencial e transparência nos próximos passos

Como medida prática e imediata, Malaman propôs uma reunião entre representantes da OSMB, a Secretaria Municipal de Cultura e membros do Executivo. A proposta visa buscar um consenso que respeite tanto a legislação quanto a rotina técnica dos músicos.

Além disso, o requerimento exige que todas as respostas da Prefeitura sejam enviadas de forma clara e detalhada à Câmara Municipal, permitindo o acompanhamento efetivo da situação pelos vereadores e pela população.

Histórico de crise e reação pública

A crise teve início no final de março, quando os músicos denunciaram a exigência das 20 horas presenciais como um fator inviável para o exercício pleno da profissão. Durante o concerto de abertura da temporada 2025, o concertino Lucas Vinícius chegou às lágrimas ao relatar o pedido de exoneração de colegas e alertar para o risco de desmonte da orquestra.

Desde então, vereadores como Jonathas Lazzarotto, Itamar Alves e Raphael Silvério protocolaram requerimentos propondo um modelo de jornada mais flexível, contemplando horas de estudo em casa, apresentações públicas e atividades presenciais reduzidas.

A orquestra como patrimônio cultural

A Orquestra Sinfônica de Barretos, com quase três décadas de existência, é reconhecida por sua excelência artística e impacto cultural. A cobrança por regulamentação justa tem mobilizado não apenas os músicos, mas também parte da sociedade civil, que teme pelo enfraquecimento de um dos principais símbolos culturais da cidade.

A expectativa agora recai sobre a resposta do Executivo, que até o momento tem se apoiado na interpretação literal da Lei Complementar nº 68/2006 para justificar a exigência. No entanto, músicos e especialistas alertam que a atividade artística exige regulamentação específica, sob risco de comprometer um legado cultural construído ao longo de gerações.

Igor Sorente

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