A Estância Turística que não brilha no Natal

 A Estância Turística que não brilha no Natal
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A atual prefeita de Barretos, Paula Oliveira Lemos, frequentemente enaltece a conquista do título de Estância Turística para o município. Contudo, ao observarmos a falta de uma decoração natalina este ano, uma contradição evidente emerge. A ausência de esforços para embelezar a cidade no período mais simbólico do ano não só descredibiliza tal título, mas também desampara setores essenciais, como o comércio local e o turismo, além de comprometer o espírito comunitário que marca esta época.

A Praça Francisco Barreto e o Calçadão, tradicionalmente os palcos das decorações e eventos natalinos, permanecem apagados. O vazio contrasta com o passado, quando lideranças como Uebe Rezeck utilizavam o espaço público para reunir famílias em formaturas escolares e apresentações da Orquestra Sinfônica. Esses eventos fomentavam a movimentação no centro comercial, integrando cultura, educação e economia local. Hoje, os comerciantes da área central se veem desamparados, enfrentando um período de vendas estagnadas, agravado pela falta de uma estratégia atrativa para o Natal.

Enquanto isso, a Associação Os Independentes, com recursos privados, salva o período festivo ao inaugurar uma decoração natalina no Parque do Peão. A grandiosidade do evento, com quase 17 mil metros de luzes de LED e uma temática elaborada, realça a disparidade entre o esforço privado e a negligência do poder público. A entrada gratuita no Parque reforça o contraste entre o potencial existente e a incapacidade do município de aproveitar essa oportunidade para fortalecer sua marca turística.

O Natal como motor de desenvolvimento

A comparação com cidades como Gramado (RS), Penedo (RJ), Curitiba (PR), Natal (RN) e Blumenau (SC) evidencia o quanto Barretos está perdendo ao ignorar o potencial das festividades natalinas. Essas cidades transformaram suas decorações em alavancas econômicas e culturais, gerando benefícios tangíveis para os moradores e visitantes.

  1. Incremento no turismo: O “Natal Luz de Gramado” atrai cerca de 2 milhões de visitantes anualmente, movimentando R$ 300 milhões. Em Curitiba, o “Natal Encantado” aquece o setor hoteleiro e amplia a sazonalidade do turismo. Barretos, com sua posição geográfica privilegiada e infraestrutura básica, poderia alcançar resultados significativos.
  2. Estímulo ao comércio: O comércio local de Gramado, Penedo e Curitiba experimenta aumentos expressivos nas vendas, com feiras temáticas e artesanais fomentando a economia criativa. Em Barretos, o descaso com a decoração prejudica os lojistas, que dependem do movimento gerado pelas festividades.
  3. Desenvolvimento da imagem da cidade: Eventos natalinos fortalecem a marca turística e atraem mídia nacional e internacional. Barretos, com seu histórico ligado à Festa do Peão, tem um potencial simbólico para unir o espírito natalino a sua identidade cultural, mas falha em explorar essa oportunidade.

Uma gestão desconectada

Paula Oliveira Lemos parece ter abandonado sua função de liderança após as eleições municipais, mesmo com um prefeito eleito sob sua chancela. O título de Estância Turística exige mais do que discursos e placas: demanda ações concretas que promovam o turismo, o comércio e o bem-estar social. A falta de investimento no Natal reforça a sensação de descaso, ofuscando a cidade em um período que deveria ser de luz e celebração.

Barretos não precisa reinventar a roda, mas sim aprender com exemplos bem-sucedidos. A decoração natalina é mais do que estética; é uma ferramenta poderosa de desenvolvimento econômico, social e cultural. Até que isso seja entendido, continuaremos a depender de iniciativas privadas para salvar o brilho do Natal e o orgulho de sermos uma cidade que deveria ser exemplo como Estância Turística.

Enquanto isso, seguimos à margem de um potencial que poderia transformar o município em um polo de turismo e integração comunitária. O Natal, assim como o título que ostentamos, merece muito mais.

Redação

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