Onde a verdade encontra a democracia.
DESDE 2015

A ausência que fala: Bianca Santana e o vazio do auditório em Barretos

 A ausência que fala: Bianca Santana e o vazio do auditório em Barretos
  • Michela Ritta é historiadora com MBA em Gestão Escolar.

A presença da escritora, jornalista e professora Bianca Santana em Barretos, pelo Projeto Viagem Literária da Secretaria Estadual de Cultura, foi um marco e também um alerta. O evento, realizado na sede da Secretaria Municipal de Cultura, reuniu saberes potentes sobre escrita, memória e resistência, mas o que mais se destacou foi o vazio do auditório. Um silêncio incômodo, que denuncia o afastamento da cidade da leitura e da reflexão.

Bianca Santana, doutora e mestra pela USP, colunista da Folha, comentarista do Jornal da Cultura e autora de obras como Quando me descobri negra e Continuo preta, veio compartilhar sua trajetória, mas poucos apareceram para ouvir.

Onde perdemos o gosto pela literatura na terra de Nidoval Reis, Silvestre de Lima e Jorge Andrade? Por que Barretos não tem sequer uma livraria ou sebo? O quanto de conhecimento se perde quando a população ignora oportunidades como essa?

As funcionárias da biblioteca divulgaram de todas as formas: ligaram, enviaram mensagens, só não fizeram sinal de fumaça. O problema não é a divulgação, é o desinteresse. Vivemos tempos em que se consome imagem, mas se evita pensamento.

Quem não esteve presente perdeu mais do que um encontro literário: perdeu a chance de se reconhecer na palavra. Barretos precisa se reencontrar com os livros, com a escuta e com o pensamento. Uma cidade que não lê, pouco sonha.

Redação

Relacionado

Ops, você não pode copiar isto!