Setor produtivo pressiona Congresso por reajuste nos limites do Simples Nacional
CPI não caça sardinha. Vai atrás de tubarões.


CPI não prende. CPI pede para prender. Parece detalhe, mas é a primeira lição: na política, quem pauta a Justiça é a política. O alvo aqui não são apenas os milhões da revitalização da Praça Francisco Barreto. O alvo é mais profundo: a confiança do Estado. Porque se até a praça central, cartão-postal de Barretos, entregue em festa, dá sinais de superfaturamento e obra inacabada, o que sobra para o cidadão comum? Se até a aposentadoria do idoso é surrupiada no balcão da política, que esperança resiste?
O esquema, se confirmado, é brutal na sua simplicidade. O memorial da obra prometia pergolados com cobertura verde, canteiros ornamentais, quiosques sem goteiras. O que se vê hoje? Tocos de palmeiras arrancadas, infiltrações, piso estourando, banheiros impraticáveis e comerciantes de braços cruzados porque cliente nenhum fica numa praça molhada pela própria chuva que cai do teto. Paga-se como se fosse shopping center, entrega-se como boteco com goteira. Esse é o manual clássico do superfaturamento de obras públicas: cobra-se o sonho, entrega-se o esqueleto.
E por que Paula Lemos? Porque CPI não perde tempo com sardinha. Vai atrás de tubarões que concentram poder político, econômico e simbólico. Se ela é culpada, ninguém sabe. Mas o fato de estar na mira já é um terremoto. E aqui entra Roma: “A mulher de César não basta ser honesta, precisa parecer honesta.” No jogo público, imagem é prova indiciária.
Paula Lemos se apresentou como prefeita que queria “resgatar a família barretense”, que falava em florescer junto com as árvores da praça. O discurso foi poético, mas a política é mais dura: se a praça murchou, a promessa murcha junto. E a CPI sabe disso. Não precisa provar desvio. Basta associar a imagem da ex-prefeita à narrativa de fraude. O resto, a opinião pública faz sozinha, como faz há séculos.
A CPI é holofote. Em tempos de calmaria, quem chama o holofote para si vende poder. Em tempos de crise, entrega munição. Discrição não dá like, mas blinda. É colete à prova de narrativas. Quem constrói reputação em silêncio resiste até ao fogo cruzado. Paula preferiu o palco: show de inauguração, discursos de resgate, multidão de 13 mil pessoas. A técnica educa, o espetáculo provoca. A primeira abre portas em conselhos e tribunais. A segunda abre hashtags em CPIs.
O que está em jogo não é apenas a Praça Francisco Barreto. É o modelo de uma futura candidata a deputada estadual. A política precisa decidir: prefere espetáculo ou consistência? A história é clara: quem busca palco, ganha manchete. Quem busca consistência, constrói legado. E legado é o único luxo que CPI nenhuma consegue confiscar.
