Onde a verdade encontra a democracia.
DESDE 2015

70 anos da Festa do Peão: Barretos comemora, a prefeitura encolhe

 70 anos da Festa do Peão: Barretos comemora, a prefeitura encolhe

Barretos chega aos 70 anos da sua maior vitrine, a Festa do Peão de Boiadeiro, e o contraste é gritante: de um lado, a força da iniciativa privada, com Jerônimo Luiz Muzeti à frente da Associação Os Independentes, entusiasmado, dando entrevistas para a Globo, projetando a cidade para o Brasil inteiro, trazendo turistas de mais de 2.200 cidades e consolidando um evento que movimenta bilhões na economia. Do outro lado, a prefeitura, que encolhe diante do próprio aniversário de 171 anos e cancela o desfile cívico e folclórico, sob a desculpa de “responsabilidade fiscal”.

É preciso dizer com todas as letras: quem faz o nome de Barretos no mundo não é o poder público, é a iniciativa privada. Enquanto a prefeitura se ocupa em cortar desfiles e dar justificativas burocráticas, os Independentes colocam Barretos no “Globo Repórter”, no noticiário nacional e nas conversas de milhões de brasileiros.

A comparação é inevitável. O Rio de Janeiro aportou R$ 15 milhões no show da Lady Gaga em Copacabana. O Estado entrou com mais R$ 15 milhões. O setor privado bancou o resto. Resultado: 600 mil turistas, retorno estimado em R$ 600 milhões. Eis a lógica do investimento em turismo: você coloca 1 e colhe 10. Mas em Barretos, a lógica é inversa: se investe pouco, se corta muito e se colhe… quase nada.

O prefeito Odair Silva adora repetir “Estância Turística de Barretos”. Mas de que serve o título se falta projeto, ousadia e até o básico? A cidade poderia ser referência nacional em turismo rural, religioso, cultural. Poderia ter um calendário de eventos o ano todo, com praças vivas, museus ativos e recintos preservados. Mas o que vemos é o Recinto Paulo de Lima Corrêa, berço da agropecuária e da própria Festa, apodrecendo diante dos olhos da população.

Uebe Rezeck, ex-prefeito, foi direto ao ponto: “171 anos de Barretos em marasmo total”. E tem razão. Uma cidade que cancela seu desfile cívico no aniversário e não apresenta nada de substituto de igual relevância passa uma mensagem de inércia, de fraqueza institucional.

Enquanto Muzeti fala de futuro, de inovação, de turismo para 2250 cidades, Odair fala de readequação orçamentária. Enquanto a Festa atrai a Rede Globo, a prefeitura atrai críticas. Enquanto a iniciativa privada constrói praia artificial, resort, hotel e parque aquático, o poder público destrói praças históricas, esconde obeliscos da Revolução de 1932 e se acomoda no discurso de “não tem dinheiro”.

Barretos está diante de um paradoxo: tem o maior evento sertanejo da América Latina, mas não consegue organizar sequer um desfile cívico para sua própria população. Tem potencial de destino nacional, mas falta vontade política para transformar esse potencial em realidade.

Se depender da prefeitura, Barretos continuará sendo a cidade de 10 dias de festa e 355 dias de silêncio. Se depender da iniciativa privada, será cada vez mais vitrine, cada vez mais destino, cada vez mais orgulho.

Eis a ironia: o turista vem por causa da Festa do Peão, mas volta por causa da iniciativa privada. A prefeitura? Essa, infelizmente, fica só na arquibancada.

Redação

Relacionado

Ops, você não pode copiar isto!