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Contradições pretéritas
- Tulio Guitarrari, é filosofo, jornalista e técnico contábil.
Passado, presente e futuro em língua portuguesa indicam tempos verbais, os quais indicam o tempo em que uma determinada ação ocorreu, ocorre ou ocorrerá.
Um pensamento, que eu até considero clichê, dado seu uso em diversas palestras, pondera que: “o passado não retorna, o futuro ainda não o temos, só temos o agora”. Este início de artigo que você já leu, se considerarmos literalmente a indicação do tempo verbal — como bem afirmei —, você leu: é passado. O que você está lendo agora é seu presente, que passa a ser passado a partir desta nova afirmação. O restante do texto, se você ainda tiver interesse em lê-lo, é seu futuro.
Interessante, não é? Mesmo que você pense: “Mas são apenas pouquíssimos segundos em que li o início”, um segundo passado, como a própria afirmação esclarece, é passado. Brevíssimo passado, mas passado. Ele se tornará presente, acaso o retome. Mas, em sua história de vida, já consta que, um dia, você leu este artigo — ao menos esta parte.
A partir deste pressuposto, podemos afirmar que frases de pseudoefeito como “Barretos rumo ao futuro” são redundantes. É uma afirmação vaga, porque todos estamos rumo ao futuro. Uma vez que todo ser criado é um ser temporal — ou seja, um ser que não pode fugir da cronologia do tempo (e aqui fui redundante para facilitar a compreensão do que escrevo) —, a única forma de um ser não ir rumo ao futuro é quando ele morre. Ah, sim! “Pseudo” é uma palavra de origem grega que define algo que não contém em si todos os atributos para ser considerado verdadeiro. Logo, “pseudoefeito” é algo que causa efeito ilusório.
A frase “Barretos rumo ao futuro” não foi aqui utilizada como mero exemplo. Foi uma ponderação política. Estava eu refletindo, e, por ora, chego à infeliz conclusão de que, politicamente, Barretos ainda não ruma ao futuro. Me parece mais que estamos estagnados em um presente que mais se assemelha ao passado. Você pode até pensar: “São apenas cinco meses de governo”, mas são cinco meses em que, de futuro, não vimos nada. Vimos passado. Diversos casos de dengue, mato alto, práticas administrativas condizentes com a gestão anterior, por algumas posições em que não se atribui diálogo (vide músico da orquestra), continuidade de secretários municipais do governo passado, buracos e mais buracos no asfalto etc.
Recordo uma analogia do advogado e jornalista Dr. Danilo Nunes, salvo engano no final do ano passado — logo, antes da posse do atual prefeito Odair Silva (Republicanos) —, em que ele disse, em um comentário pelo rádio: “Me parece que o governo Odair-1 será o governo Paula-2”. Convenhamos: até aqui, ele adivinhou, naquele momento, o futuro, que hoje nos é passado. Por ora, tem sido uma triste continuação da pífia gestão de Paula Lemos (PSD). Vale recordar que, mesmo a ex-prefeita afirmando apoio, Odair negou, em entrevistas, a proximidade com Paula, devido à sua gestão, duramente criticada nas ruas pela população.
E que situação complicada a do atual prefeito. Todas as vezes em que tenta justificar as dificuldades em gerir a cidade, afirma que pegou uma prefeitura aos cacos, mas sem poder criticar diretamente Paula Lemos, citando-a nominalmente, por ela já ter anunciado pré-candidatura a deputada estadual, e ambos pertencerem ao mesmo “grupo político” de apoio.
Se há alguns aspectos que são louváveis, como a continuação acelerada da obra na avenida Engenheiro Necker Carvalho de Camargo, recordo que, na gestão passada, em diversos dias que por lá passei, não vi ninguém trabalhando. E é bom que se conclua o quanto antes, porque está chegando agosto e, com ele, a festa do peão — e a avenida é uma entrada importante da cidade. Mas, principalmente, porque os empresários daquela localização têm sofrido com a falta de acesso aos seus respectivos comércios.
Também recordo, ao menos, a conclusão do muro que aumenta o espaço do cemitério municipal. A ex-prefeita iniciou a obra, mas colocou lá uma placa informando que o prazo seria de um ano. Um ano — para construir um muro. Pouco antes das eleições, foi (mais) uma obra abandonada. O atual prefeito concluiu o muro, mas falta a organização interna para que, de fato, o cemitério seja ampliado.
Em relação ao mato alto na cidade, está pior. No meu modesto bairro, ao menos, em meados de março, todos os anos havia ao menos a chamada roçada. Já estamos em maio e, até agora, nada.
São poucos, dos vários exemplos que a própria população vê no dia a dia. Já tenho ouvido diversos relatos de arrependimento por ter votado no atual prefeito.
Aguardemos — e não percamos a esperança — que a promessa do passado chegue. E que não seja apenas um futuro cronológico, mas sim um futuro com melhorias em todos os aspectos, para o bem da população. Para que não seja apenas uma contradição entre o que foi prometido e algo que se torne efetivo. Afinal, foram promessas, não propostas. E há diferença.