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Comércio e serviços devem abrir 118 mil vagas no 4º trimestre; varejo mira Natal e mantém cautela para 2026

Especialista avalia que as contratações são positivas, mas alerta para a necessidade de ajustes fiscais. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Levantamento CNDL/SPC Brasil projeta alta de 7% nas contratações em relação a 2024; 47% das empresas pretendem efetivar temporários. Especialistas veem Black Friday mais “enxuta” e defendem ajuste fiscal para abrir espaço à queda dos juros.
Os setores de comércio e serviços no Brasil devem criar cerca de 118 mil vagas no último trimestre de 2025, considerando contratações temporárias, efetivas, informais e terceirizadas. A projeção, da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), indica crescimento de 7% sobre o mesmo período de 2024. A expectativa é de reforço nas equipes para a temporada de fim de ano, com atenção especial ao desempenho do Natal.
Em números
- 118 mil vagas previstas no 4º tri de 2025 (CNDL/SPC Brasil)
- +7% em relação ao 4º tri de 2024
- Funções mais ofertadas: vendedor (31%), além de cabeleireiro, ajudante e balconista (vagas majoritariamente presenciais)
- Remuneração média estimada: R$ 1.819
- Efetivação: 47% das empresas pretendem efetivar trabalhadores contratados no período sazonal
- 32% dos empresários apontam instabilidade econômica como motivo para não contratar em 2026
Black Friday mais enxuta e foco no Natal
Segundo a CNDL, a Black Friday tende a funcionar como uma antecipação das compras de Natal, mas com menor protagonismo neste ano.
“Os varejistas brasileiros estão dispostos a investir um pouco menos em propaganda em torno da Black Friday, colocando menos produtos em promoção para dedicar o esforço maior de vendas no período do Natal, onde os descontos são menores e consequentemente a margem de lucro é maior”, afirma Daniel Sakamoto, gerente executivo da CNDL.
Sakamoto observa que parte dos consumidores percebe descontos menos atraentes na Black Friday, o que reforça a estratégia de concentrar esforços entre novembro e dezembro.
Sinais de cautela e debate fiscal
Apesar das contratações previstas, economistas pedem atenção ao cenário macroeconômico e ao ritmo de crescimento.
“O país está pisando no freio, o crescimento é mais moderado e essa deve ser a tendência até o fim do ano”, avalia Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto Gastão Vidigal e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Para Gamboa, conter o avanço do gasto público em 2026 é ponto central para reduzir pressões de preços e permitir cortes antecipados na taxa Selic, o juro básico da economia.
“Com juros tão altos, em algum momento a desaceleração econômica vai se intensificar. Se houver crescimento modesto do gasto e menor pressão de preços, o Banco Central poderá cortar juros antes, beneficiando as micro e pequenas empresas.”
A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) destaca, por meio do Painel “Gasto Brasil”, que as despesas públicas federais, estaduais e municipais superaram R$ 3,8 trilhões em 2025, defendendo urgência em medidas de ajuste.
“O Estado ‘não vai aguentar por muito tempo’ esse nível de gasto”, diz Alfredo Cotait Neto, presidente da CACB, ao pedir soluções estruturais.
“O governo arrecada, mas gasta sem critério. Só neste ano, até setembro, o déficit operacional já chega perto de R$ 1 trilhão acima da arrecadação. É como numa casa: você só pode gastar aquilo que recebe. O Brasil está caminhando para uma situação de insolvência”, declarou.
Expectativas para 2026
A perspectiva de curto prazo é de recuperação setorial e geração de empregos, mas o ano de 2026 inspira cautela entre empresários, sobretudo por ser ano eleitoral e por percepções de instabilidade econômica.
“O varejo espera bons números de venda e mais de 100 mil contratações temporárias. Muitas delas podem se tornar empregos efetivos, o que é uma excelente notícia para o país”, afirma Sakamoto.
