Reforma Tributária acende alerta: 72% das empresas ainda não se prepararam para as novas regras
72% das companhias brasileiras de médio e grande porte não atualizaram processos para a Reforma Tributária. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
A menos de dois meses do início da implementação da Reforma Tributária, a maioria das empresas brasileiras ainda não está pronta para operar sob as novas exigências. Um levantamento da V360, que ouviu 355 executivos de médio e grande porte, aponta que 72% das companhias não adaptaram seus processos internos para o recolhimento e a declaração dos tributos sobre consumo.
As mudanças começam a valer em 5 de janeiro de 2026, com as primeiras alíquotas de 0,9% para a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e 0,1% para o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
Processos internos travam adaptação
Segundo o estudo, enquanto empresas concentram esforços na emissão das novas notas fiscais — que passarão a ter cerca de 200 campos —, os maiores gargalos aparecem em rotinas de conferência e pagamento de notas de fornecedores.
A automação também preocupa: 61% ainda operam processos total ou parcialmente manuais, o que pode elevar erros e atrasos. As duplicatas escriturais, registro digital obrigatório de operações comerciais, já são usadas de forma automatizada por apenas 11,5% das empresas.
Para o advogado tributarista Luís Garcia, a falta de preparo pode afetar fortemente o faturamento. “Se a empresa não prever os novos tributos nas notas, ela simplesmente não consegue faturar. Algumas podem até se tornar inviáveis e ainda não sabem disso”, alerta.
Tributos serão unificados
A Reforma extinguirá cinco impostos tradicionais — PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS —, substituindo-os por dois novos tributos principais:
- IBS (estadual/municipal)
- CBS (federal)
Além do Imposto Seletivo (IS), destinado a desestimular produtos específicos.
Impactos para micro e pequenas empresas
O vice-presidente Jurídico da CACB, Anderson Trautman, destaca que micro e pequenas empresas também podem enfrentar dificuldades. Segundo ele, o novo sistema dá menos competitividade a optantes do Simples Nacional.
“Há espaço para migrar ao regime de crédito e débito, mas isso exige um planejamento tributário mais detalhado”, afirma.
Mudanças no fluxo de caixa
A nova lógica de recolhimento — que ocorrerá no ato da cobrança, antes de o dinheiro entrar no caixa — deve mexer na gestão financeira de muitos negócios.
“O valor utilizado hoje para giro de caixa vai deixar de existir. A empresa precisará de mais liquidez”, explica Garcia.
O setor de serviços deve sentir o maior impacto, passando de uma carga abaixo de 10% para uma alíquota até 20 pontos percentuais maior.
Com informações do Brasil 61
