Se for bem, pode falar!
- Túlio Guitarrari é filósofo, técnico contábil, jornalista e pós-graduado em Ciência Política e Teologia.
A regra é clara: quem deseja ser agente público deve estar preparado para questionamentos, elogios e críticas. No entanto, a classe política parece querer apenas os “louros” do cargo. As críticas não agradam e, muitas vezes, há quem tente fazer o povo esquecer que esse é um direito constitucional.
Nesta semana, alguns vereadores registraram boletim de ocorrência porque dois ex-vereadores os criticaram. A crítica feita pelos ex-parlamentares é que os atuais votaram a favor da continuidade da taxa de iluminação pública. E votaram mesmo? Sim, votaram! Então, por que não podem ser criticados?
Sinceramente, eu não gostaria de continuar pagando essa taxa — aliás, acredito que ninguém quer seguir pagando impostos, especialmente diante do péssimo retorno que o poder público oferece à sociedade. As justificativas apresentadas pelos vereadores são frágeis. Houve quem dissesse: “São apenas R$ 17,00”; outro afirmou: “A taxa já existia, não criamos mais imposto, foi apenas a prorrogação”. Entre outras “pérolas” dignas de compaixão, tamanha a pobreza argumentativa dos eleitos.
Quando leem os textos preparados por suas assessorias, até impressiona o jogo de palavras — embora, em muitas ocasiões, soe como um verdadeiro trava-línguas. Mas, quando resolvem improvisar, o resultado é lastimável.
É simples: a taxa já existia, e os atuais vereadores tiveram a oportunidade de aliviar esse peso sobre os ombros da população — mas não o fizeram. Estavam em seu direito como representantes eleitos. Contudo, o dever maior seria ouvir a população e votar conforme a vontade do povo. E não tenho dúvida: se agissem assim, pouquíssimos cidadãos defenderiam a manutenção da taxa. Digo isso sendo bastante otimista.
A alegação de que a prefeitura precisa da taxa é contraditória. Bastaria cortar cargos comissionados — ou, ao menos, reduzir salários excessivos — para que houvesse recursos suficientes até para custear a iluminação pública. Mas, para isso, acordos políticos precisariam ser revistos. Muitos desses cargos são indicações dos próprios vereadores. É claro que ninguém vai admitir isso publicamente.
Como não citei nomes, estou tranquilo em afirmar essa verdade. E, se a carapuça servir, estou à disposição para o diálogo — com qualquer vereador ou comissionado. Quem quiser conversar, peça meu contato à redação. Terei prazer em tomar um café e falar de política.
Essa é a minha opinião — e a liberdade de expressão me garante o direito de manifestá-la. Concordo que, se os vereadores se sentiram ofendidos porque os ex-vereadores, em áudios, teriam usado palavras mais duras, podem recorrer à Justiça. Mas os ex-vereadores também têm o direito de expressar sua opinião e de elaborar panfletos mostrando quem votou pela manutenção da taxa.
O que não se pode é difamar com ofensas pessoais. Dizer que o vereador “tal” votou a favor da taxa do lixo ou da iluminação não é difamação — é apenas mostrar a verdade. Ou será que votaram achando que ninguém descobriria?
É fato que grande parte da população não acompanha a política local, mas quem acompanha pode — e deve — opinar e se manifestar.
Não quer ser criticado? Renuncie.
Paz e bem a todos.
