Barretos inaugura ETA Rio das Pedras no aniversário de 171 anos
Barretos 171 Anos | 70 de Festa: Gente que Faz História, Tradição que Vira Lenda


Em agosto de 2025, Barretos celebra uma ocasião especial em dose dupla: 171 anos de história e 70 anos da Festa do Peão de Boiadeiro. Dois marcos que se entrelaçam e revelam a alma vibrante de uma cidade que nasceu da fé, cresceu com coragem e floresceu com cultura.
A história de Barretos começa por volta de 1830, quando as famílias Barreto e Marques, vindas de Minas Gerais, chegaram à região em busca de terras férteis e melhores condições de vida. Ao chegarem, encontraram alguns moradores já estabelecidos e vestígios de antigas comunidades indígenas, que deixaram marcas na paisagem e na memória do território. A doação de 82 alqueires de terra ao patrimônio eclesiástico, feita em nome do Divino Espírito Santo, permitiu a legalização das terras e a construção da primeira capela — ponto de encontro da fé e da convivência comunitária.
Com o tempo, Barretos se transformou. Em 1854, foi oficialmente fundada; em 1856, ergueu-se a primeira capela; em 1874, veio a freguesia; em 1877, a paróquia. E em 1920, nasceu a Catedral do Divino Espírito Santo, cartão-postal da cidade e símbolo da religiosidade que molda o espírito barretense.

Barretos pulsa graças ao seu povo — e entre tantos que constroem essa história, estão os fazedores de cultura, em todas as suas formas. São artistas, criadores, educadores, produtores, técnicos, pesquisadores e visionários que, com talento e dedicação, transformam ideias em experiências, memória em movimento e identidade em expressão.
Entre eles, merecem aplausos especiais os mantenedores da cultura popular, que com paixão e resistência mantêm vivas as tradições que moldam o espírito barretense:
- Na catira, com sapateado firme e palmas ritmadas.
- No berrante, que ecoa histórias e chama a tradição.
- Na moda de viola, que emociona e conecta gerações.
- Nas Companhias de Santos Reis, que percorrem os bairros com fé e alegria.
- Na Queima do Alho, que alimenta o corpo e a identidade cultural.
- E nos Independentes, que surgiram como uma iniciativa para homenagear o Peão de Boiadeiro e, ao mesmo tempo, praticar a filantropia – transformando a força da tradição caipira em um dos maiores eventos sertanejos do mundo.
A Festa do Peão, que completa 70 anos, nasceu da cultura das comitivas de gado que cruzavam os estradões rumo ao Frigorífico de Barretos, o primeiro do Brasil, inaugurado em 1913. Nas paradas, os peões tocavam viola, cozinhavam ao ar livre e se desafiavam em montarias — tradição que deu origem ao rodeio esportivo.

O primeiro rodeio da Festa, em 1956, foi realizado em um circo de touradas alugado da cidade mineira de Aparecida de Minas. O nome do circo era Fubeca, e sua estrutura simples — cercada por arame liso, com arena arredondada e arquibancadas em volta — foi palco da estreia de um espetáculo que viria a se tornar lendário.
Com o crescimento da Festa, o Recinto Paulo de Lima Corrêa tornou-se pequeno para comportar a grandiosidade do evento. A ideia de criar um parque próprio surgiu em 1973, e após tentativas iniciais, foi em 1981 que Os Independentes adquiriram uma área de 40 alqueires a sete quilômetros da cidade, onde nasceu o Parque do Peão. A primeira edição no novo espaço aconteceu em 1985, e em 1989 foi inaugurado o Estádio de Rodeios, projetado por Oscar Niemeyer em formato de ferradura, com capacidade para 35 mil pessoas sentadas. Desde então, o Parque vem sendo ampliado.
Entre os nomes que marcaram época nas arenas, destaca-se o barretense Osmar Marchi, ícone da montaria estilo cutiano. Na década de 1960, Marchi brilhou em rodeios por todo o Brasil, conquistando 20 títulos, sendo 15 consecutivos — um feito extraordinário. Em Barretos, foi bicampeão nos anos de 1966 e 1967. Sua trajetória inspirou a música “Primeiro Rodeio Furacão”, composta por Valdivino, Valdinei e Vantuir, especialmente composta para o primeiro rodeio de Uberlândia, MG — uma homenagem que eterniza sua importância na cultura do rodeio nacional.

Hoje, a Festa reúne milhares de pessoas em um espetáculo que mistura fé, música, gastronomia e emoção, tornando Barretos palco de encontros inesquecíveis e experiências que atravessam gerações.
A Queima do Alho, que nasceu como refeição improvisada nas comitivas, virou concurso culinário oficial, reunindo grupos de várias regiões do país na Festa do Peão. Cada prato servido é uma história contada com cheiro, sabor e afeto — um verdadeiro patrimônio cultural.
Se há algo que Barretos ensina, é que o tempo pode passar, mas os valores que sustentam uma comunidade permanecem. A cidade que nasceu do encontro entre esperança e terra fértil permanece firme — semeando fraternidade nas mãos calejadas de quem planta, no coração vibrante dos jovens, nas memórias de quem viu esse chão crescer e na determinação de quem persiste.
Parabéns, Barretos! Parabéns, Os Independentes!
Neste aniversário, celebramos mais do que datas. Celebramos a história de um povo que nunca deixou de acreditar no poder da união. De braços abertos e corações entrelaçados, reafirmamos:
Frates Summus Omnes. Somos todos irmãos. Somos todos Barretos.
