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H₂O a peso de ouro — de tolo


Parabéns pra você, nesta data querida… Vivaaa… Parabéns, Barretos!
E para você, população, de presente de aniversário: toma-lhe aumento no valor da água. Em média, 35% de acréscimo — ou melhor, reajuste. Porque “aumento” é feio de dizer. São 35% secos com farinha, goela abaixo e sem água para desentalar.
Vamos cantar outra? Bora lá. Todo bom barretense conhece:
“Vento gelado batendo em meu rosto, me diz que é agosto, florada do ipê… E aqui no Barretão não tem água, não! Todo ano falta água durante a Festa do Peão…”
Fala a verdade: você leu no ritmo da música, né? Brincadeiras à parte, o que se sabe é que, em Barretos, basta começar agosto para a água desaparecer. Há quem diga que é porque toda ela é desviada para o Parque do Peão. Há quem reclame que os munícipes, que pagam impostos o ano inteiro, não têm o mesmo direito que os turistas, que só aparecem durante os dez dias de festa. Mas eu acredito que é tudo… coincidência.
Tá certo que, enquanto falta água nos bairros, os caminhões-pipa ficam regando o público no parque, para amenizar o calor do frio barretense. Não me diga que isso não existe: os vídeos do ano passado circularam pela cidade inteira. Mas, repito, é só coincidência.
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Você pode até estar pensando: — “Pois é… sempre assim… começou agosto, lá vamos nós para a falta d’água…” Mas desta vez, não! O prefeito — desde sua campanha, no ano passado — já garantia: — “A partir de 2025, não faltará mais água em Barretos.”
E ele sempre fala “grosso” quando afirma isso. Tudo bem que as obras de captação, retomadas na gestão de Paula Lemos (PSD) após anos de paralisação, deram um upgrade no argumento do prefeito. Ele sabia que a conclusão dessas obras traria uma sobrevida à cidade. Mas, novamente, tudo coincidência.
Também é público e notório que, este ano, vejam só, no Parque do Peão, Os Independentes investiram pesado numa estrutura com novos poços de captação e sistemas de armazenamento de água — para que não falte, lá, nenhuma gota. E está certo! Eles fomentam o turismo na cidade. Mas, cá entre nós: sabendo que lá não vai mais precisar da água da cidade, fica mais fácil falar “grosso” e garantir que não faltará água, não é? (Risos.)
Tomara mesmo que não falte. Embora, neste último fim de semana (2 e 3 de agosto), o bairro Zequinha Amêndola tenha ficado sem água.
Agora, sejamos francos: no Brasil, todo ano há reajuste nas contas de energia, água, esgoto, telefone… enfim, em praticamente tudo. Não dá para dizer que fomos pegos de surpresa — a imprensa noticiou — mas vamos concordar: o aumento do SAAEB foi salgado, não foi? E sal, dizem, desidrata a água…
Vamos atravessar agosto com água (espero em Deus), e setembro já inicia com a nova tarifação, a ser cobrada em outubro.
Você viu o vídeo do prefeito avisando e explicando o reajuste à população? Não? Claro que não. Ele só posta vídeo quando é para valorizar a própria imagem. Aumento, ainda mais desse tamanho, não entra no feed. Vídeo de reforma de parquinho? Aí sim! Excelente! As famílias merecem. Agora, quando é para se justificar por algo impopular… ele manda os secretários. Já vi o vice-prefeito, vi assessor… todo mundo, menos ele.
Tem até vereador fazendo campanha em defesa do prefeito. Quero acreditar que é por admiração genuína. Embora algumas fontes digam que essa defesa é orquestrada — já que o maestro da Orquestra Sinfônica de Barretos e o prefeito não falam a mesma língua. O maestro é estrangeiro… (Pegou a piada?)
Há um vídeo, sim, no Instagram do prefeito e da Prefeitura, mostrando a necessidade de reparos estruturais no SAAEB. E, de fato, precisa ser tudo revisto, modernizado, organizado — para que a autarquia cumpra seu papel com eficiência. Reajuste conforme a necessidade? Concordo. Mas todo esse valor, de uma só vez? E pior: sem uma explicação clara, coerente e pessoal por parte do senhor prefeito, que novamente se acovarda — ops! — se acomoda atrás de assessores, secretários, porta-vozes… Ou, simplesmente, ignora o povo. Isso, para mim, é inconcebível.
Barretos completa, este ano, 171 anos. Curiosamente, o artigo 171 do Código Penal trata de estelionato. Coincidência com essa gestão? É claro que não levaremos “ao pé da letra”, mas, no popular, chamar alguém de “171” é dizer que a pessoa gosta de levar vantagem. “Gestão 171” seria aquela que só mostra o lado bonito — todo mundo sorrindo, propaganda de campanha — e deixa os problemas para os outros explicarem: o vice, os secretários, os vereadores…
Eu, que sou totalmente contra o socialismo, não podia deixar passar. Sou do tipo que “perde o amigo, mas não perde a piada”. Falando em “gestão 171”, até parece que estou escrevendo sobre o Lula — mas, desta vez, não estou. E olhe que o prefeito se diz de direita. Há quem diga que ele não gosta de ser questionado — igual ao presidente. É um governo que se diz democrático, mas pratica uma democracia seletiva. Uma “gestão 171”, ao meu ver, por ora, cabe aos dois: muita conversa e pouco resultado.
Túlio Guitarrari é filósofo, técnico contábil, jornalista e pós-graduado em Ciência Política e Teologia.
