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Barretos cresceu, mas não se desenvolveu: por quê?

 Barretos cresceu, mas não se desenvolveu: por quê?

Olha, vamos falar sem rodeios: Barretos ficou para trás. E não é de agora. Pergunte a quem mora aí há mais de 60 anos e vai ouvir sempre a mesma ladainha – a cidade cresceu em tamanho, mas não em qualidade de vida, nem em oportunidades. Cresceu, mas não se desenvolveu. E, acreditem, isso não é só azar ou “falta de sorte”, como alguns dizem no balcão da padaria. É falta de estratégia. Falta de visão. Falta de água, principalmente.

O que é que diferencia as cidades do interior de São Paulo que realmente decolaram? Água. É simples assim. Quem tinha rio, quem captou água de verdade, criou base para ter agroindústria, para ter indústrias diversas, para ter gente vindo morar, consumir, pagar imposto e gerar riqueza. Veja Ribeirão Preto, veja Piracicaba, veja Campinas – até São José do Rio Preto, que é exceção porque ficou grande por outros fatores, agora corre atrás de captar água do Rio Grande. E Barretos? Fica sonhando com poço profundo que falha, com córrego que seca, e faz represamento que ninguém sabe se vai durar até a próxima estiagem.

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Sem água, esqueçam indústria. Não adianta o prefeito pegar o telefone ou visitar empresa aqui e ali, fazer fotinha para rede social. A Coca-Cola Femsa quer colocar uma fábrica nova no interior paulista, investimento de R$ 1 bilhão, previsão para começar a obra em 2026. Quer saber? Se Barretos não tiver água garantida, aeroporto de cargas funcionando de verdade, ferrovia que preste, rodovia duplicada sem pedágio, vai perder de novo para Colina, Colômbia (não a do café, a do lado daqui mesmo), Ribeirão ou qualquer outra cidade que tenha estrutura. É o básico: indústria precisa de água, logística e energia.

E antes que alguém diga “mas e a outorga de 2008?”, sim, existiu. A gestão de Emanoel Carvalho conseguiu, até 2300, para captar água do Rio Pardo. Mas cadê? Ficou no papel? Cadê a força política para tirar a outorga do papel e transformar em obra? É isso que faz diferença entre cidade que cresce e cidade que se desenvolve.

Agora, enquanto Barretos fica discutindo se vai ou não captar água, Uberlândia, em Minas Gerais, vai receber a fábrica mais moderna da Coca-Cola no mundo. Investimento de R$ 1,5 bilhão até 2030. Processos automatizados, sustentabilidade, centenas de empregos. É esse tipo de chance que Barretos pode estar perdendo – de novo.

No fim das contas, a pergunta que fica é: vamos esperar “Deus dar um jeito” ou vamos cobrar quem precisa agir? Água não cai do céu – pelo menos, não na quantidade que a cidade precisa para ter indústria grande, renda, emprego de qualidade. Crescer em área urbana todo mundo cresce. Se desenvolver de verdade, só quem planeja, executa e pensa grande.

E aí, Barretos? Vai seguir crescendo pra fora sem crescer pra dentro? Ou vai decidir, de uma vez por todas, que desenvolvimento precisa de água – e de coragem política? Pensem nisso.

Redação

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