Nova fase da Lei Aldir Blanc exige execução mínima para novos repasses
Kapetinha aperta o cerco, prejudica trabalhadores e gera mal-estar entre vereadores em Barretos
Luis Umberto de Campos Sarti, Kapetinha, abre crise entre vereadores, ambulantes e trabalhadores.
A atuação do Secretário de Ordem Pública e Defesa Civil de Barretos, Luís Umberto de Campos Sarti, conhecido como Kapetinha, está gerando polêmica. A partir do dia 28 de abril, a Prefeitura vai iniciar a limpeza forçada de terrenos particulares no bairro City Barretos — conhecido pelo alto padrão de renda —, com multas que podem chegar a R$ 741,16, dobrando em caso de reincidência.
Durante coletiva de imprensa na quinta-feira (17), ao lado do prefeito Odair Silva (REP), o vice-prefeito Mussa Calil Neto (MDB) e outros secretários, Kapetinha defendeu a medida alegando que a cobrança é necessária devido ao aumento de casos de dengue. “Nós não vamos medir esforços para atuar”, afirmou. Segundo ele, o prazo de tolerância foi estendido por quatro meses, mas agora a fiscalização será implacável: “Os próprios vereadores mandam a cobrança para nós, e a secretaria vem autuando. O vereador manda multar [determinado terreno] porque o vizinho está se sentindo incomodado, e, assim, estamos fazendo.” E emendou: “(…) depois vem muita gente pedir para cancelar a multa e não vai ter barriga me doi, seja vereador ou quem for (…)”, declarou, descartando qualquer tipo de anistia para multas aplicadas.
Entretanto, a fala do vereador Paulo Corrêa (PL) expôs o mal-estar entre os poderes. Segundo Corrêa, “vereador não pede para multar e vereador não pede para tirar multa”, sugerindo que a atuação de Kapetinha estaria indo além do que os legisladores desejam.
Essa não é a primeira vez que a postura do secretário gera revolta. No dia 28 de março, conforme noticiado pelo jornal O Sertanejo, Kapetinha liderou uma ação que tentou remover ambulantes legalizados da Avenida João Baroni, próxima ao Hospital de Amor, atendendo a denúncia de um empresário local. Os trabalhadores, pegos de surpresa, relataram que receberam ordem de desocupação em apenas 24 horas, colocando em risco o sustento de diversas famílias. A crise obrigou a intervenção de vereadores como Marcos Mariano (União), Anderson Luiz de Angelino, o “Bodão” (Pode) e Sérgio Tobace (PRD), que intermediaram uma reunião emergencial com o secretário.
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A perseguição a trabalhadores parece ter se tornado padrão. No começo de abril, o Jornal de Barretos revelou que a Secretaria de Ordem Pública, sob comando de Kapetinha, aplicou mais de 120 multas contra a empresa de mobilidade urbana Ubiz Car, totalizando cerca de R$ 180 mil em penalidades. Além disso, uma multa extra de R$ 1.036,76 foi aplicada por suposto funcionamento sem alvará. O excesso de autuações ameaça inviabilizar o serviço, que é semelhante ao Uber e 99, colocando em risco o emprego de dezenas de motoristas que dependem da plataforma.
As ações da Secretaria, sustentadas no rigor da lei, vêm gerando debate intenso na cidade. O temor de novos prejuízos aos trabalhadores cresce, e a população começa a questionar: a gestão pública está a serviço de quem?
O valor das multas para terrenos foi regulamentado pelo Decreto Municipal nº 12.232/2024, mas a forma como a fiscalização está sendo executada acende o alerta sobre o impacto direto na vida de quem luta para sobreviver em Barretos.
Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria de Ordem Pública e Defesa Civil não havia se manifestado sobre as críticas e consequências sociais de suas ações.