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100 dias, mil promessas e muitos buracos: vereadores disparam requerimentos, mas Prefeitura de Barretos pouco responde

 100 dias, mil promessas e muitos buracos: vereadores disparam requerimentos, mas Prefeitura de Barretos pouco responde

Barretos sofre com o descuido das ruas e a falta de zeladoria

Nos primeiros 100 dias da Legislatura 2025-2028, a Câmara Municipal de Barretos não ficou parada. Pelo contrário: foram 755 requerimentos apresentados pelos 17 vereadores, número que por si só revela um retrato inquietante da cidade. As demandas mais recorrentes tocam em temas sensíveis para o cotidiano da população: ruas esburacadas, terrenos tomados pelo mato, acúmulo de lixo, UBS com estrutura precária e dificuldades no agendamento de consultas.

De acordo com levantamento da própria Câmara, a infraestrutura urbana lidera o ranking de problemas, concentrando 130 requerimentos (35% do total). Foram 58 pedidos de reparos em vias, 32 solicitações de sinalização viária, 25 sobre esgotos entupidos e 15 denúncias de falta de iluminação pública. Uma verdadeira radiografia dos desafios urbanos que, mesmo diante de alertas formais do Legislativo, parecem não ecoar com a urgência esperada no Paço Municipal.

A limpeza urbana, com 100 requerimentos (20%), é outro ponto crítico. Só os pedidos para roçagem de terrenos baldios somam 50, seguidos de 30 queixas sobre acúmulo de lixo e 20 solicitações para poda de árvores. Já na área da saúde, foram 95 requerimentos (15%), sendo 45 apontando dificuldades em agendar consultas, 28 sobre falta de medicamentos e 22 cobrando melhorias nas Unidades Básicas de Saúde.

A educação também entrou no radar dos parlamentares, com 50 requerimentos (10%) sobre reformas em escolas, falta de professores e problemas no transporte escolar. A segurança pública (8%) e a mobilidade urbana (7%) também foram lembradas: 30 requerimentos cobraram mais policiamento e 20 pediram novas linhas de ônibus.

Os números revelam o retrato de uma cidade em que as queixas se avolumam e os parlamentares atuam como porta-vozes da população, utilizando o requerimento como um dos principais instrumentos de cobrança junto ao Executivo. Mas o que tem sido feito, de fato, com essas demandas? A pergunta ecoa nas ruas e nas sessões legislativas, sem respostas claras da administração de Odair Silva (REP).

Além dos requerimentos, a Câmara realizou 22 eventos legislativos no período: 9 Sessões Ordinárias, 4 Audiências Públicas, 6 Sessões Solenes, além de sessões extraordinárias e projetos educativos. Ao todo, foram 852 matérias aprovadas, incluindo 69 Projetos de Lei e 25 Projetos do Executivo para abertura de créditos, somando mais de R$ 13 milhões liberados para diversas áreas.

A movimentação intensa da Câmara contrasta com a percepção de que muitas das ações solicitadas não saem do papel. Os vereadores têm cumprido seu papel de fiscalização e propositura, mas falta transparência da Prefeitura em relação às providências adotadas — ou à ausência delas.

Em um momento em que a cidade clama por respostas rápidas, o balanço dos primeiros 100 dias da Legislatura deixa no ar uma pergunta incômoda: quem está ouvindo os vereadores?

Igor Sorente

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