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Titânico confronto: TikTok ameaça domínio de 17 anos do YouTube no universo dos vídeos
Há uma revolução silenciosa ocorrendo no mundo dos vídeos online. O YouTube, o monarca incontestável do cenário há 17 anos, agora sente o sopro quente do TikTok, o aplicativo chinês que já conquistou o título de mais baixado mundialmente pelo segundo ano consecutivo. Mas a questão é: o TikTok está realmente abalando as estruturas do YouTube?
Desde sua estreia, o TikTok não tem sido apenas uma inovação, mas sim uma ameaça legítima à concorrência. Não é mera coincidência que a receita de anúncios do YouTube tenha experimentado uma diminuição de 2,6% no último trimestre, atingindo a marca de US$ 6,69 bilhões, ainda superando as expectativas de mercado de US$ 6,64 bilhões. Analistas perspicazes apontam diretamente para a crescente influência do TikTok como a causa dessa queda.
O cenário está sendo moldado por uma simbiose excepcional entre plataformas rivais. Criadores de conteúdo e consumidores estão interligados de maneira notável, impulsionando-se mutuamente conforme conteúdos são compartilhados e a audiência engaja. Uma nova era de influenciadores está surgindo, indivíduos que entendem a importância vital de estabelecer conexões sólidas tanto no TikTok quanto no YouTube. É um fenômeno de engajamento que quebra recordes e gera fenômenos como Casimiro Miguel, conhecido como “Cazé”, que não só superou suas próprias marcas no YouTube durante o jogo Brasil x Suíça, como também se tornou uma das transmissões mais assistidas na plataforma, alcançando incríveis 5,3 milhões de espectadores simultâneos.
E quando voltamos os olhos para o TikTok, vemos histórias de transformação e ascensão como a de Khabane Lame, um senegalês que, após ser demitido em 2022, encontrou no aplicativo a plataforma para se expressar. Com vídeos simples, gravados apenas com seu celular, Khabane conquistou uma audiência global de 146 milhões de seguidores. Sua trajetória o levou de desempregado a participante de grandes festivais, como o Festival de Cinema de Veneza, e até mesmo a colaborações com personalidades como “Luva de Pedreiro”. O segredo de seu sucesso reside na linguagem universal que transcende barreiras e no poder do TikTok de proporcionar oportunidades inimagináveis.
Contudo, vale lembrar que essa jornada não é apenas um conto de maravilhas. Os criadores de conteúdo, tanto no TikTok quanto no YouTube, enfrentam desafios. Dois critérios primordiais são o pilar da análise: monetização e alcance. No YouTube, a monetização de vídeos horizontais requer pelo menos 1.000 inscritos e 4.000 horas de exibição, com receita proveniente principalmente de anúncios de terceiros. No TikTok, a média de tempo gasto por usuário – uma impressionante média de 5,4 horas diárias – abre portas para campanhas publicitárias de empresas de renome, como Rappi e Magazine Luiza. O TikTok também expandiu sua influência para a televisão, associando-se a programas populares como MasterChef e A Fazenda.
A competição pela supremacia não se restringe apenas à publicidade; os criadores de conteúdo estão no epicentro dessa batalha. Segundo a Forbes, 56,7% das marcas preferem colaborar com influenciadores do TikTok, em comparação com meros 3,1% que optam pelos criadores de conteúdo do YouTube Shorts.
O divisor de águas entre TikTok e YouTube reside na forma de monetização. O TikTok oferece uma experiência de rolagem infinita que alimenta os centros de prazer cerebral – dopamina, serotonina e endorfina – viciando os usuários. A capacidade de fornecer conteúdo altamente personalizado é o trunfo dos algoritmos do TikTok, que atendem aos desejos individuais dos consumidores com eficácia e rapidez. Em contrapartida, os algoritmos do YouTube muitas vezes demoram a compreender e entregar os desejos dos usuários.
O YouTube, por sua vez, está ansioso para solidificar seu domínio e oferecer conteúdo em formatos mais curtos e cativantes, mantendo os espectadores dentro de sua plataforma. No entanto, os criadores que optam por formatos horizontais continuam enfrentando desafios significativos.
Nessa luta acirrada, à medida que o YouTube busca conquistar o público do TikTok, o aplicativo chinês também busca inspiração na plataforma estadunidense. O futuro reserva incertezas, mas uma coisa é certa: tanto o TikTok quanto o YouTube estão empenhados em conquistar seu lugar nos corações dos usuários. A disputa está longe de terminar; apenas o tempo revelará quem emergirá como vencedor nesse duelo épico.
Igor Sorente é jornalista e empreendedor nos segmentos de marketing, audiovisual e produção de conteúdo.