Tentando se firmar como estância turística, Barretos cancela Carnaval

Não haverá Carnaval em 2023, segundo informou o presidente da LIESB (Liga Independente das Escolas de Samba de Barretos), Coriolano José Neves, na manhã de terça-feira (24), que reuniu-se com Rogério Teodósio, secretário municipal de cultura, que confirmou a decisão.

À noite, a LIESB fez uma reunião, que já estava previamente marcada, no Clube Estrela D’Oriente, com a participação dos diretores. A instituição é formada pelas escolas de samba Liberdade, Esperança, Mocidade Independente, Camarões, Aruanda Brasil e Vila Marília. A Liga foi reconstituída à partir de novembro passado, após período de vacância. “Regularizamos toda documentação jurídica e contábil, com o recolhimento de taxas pertinentes e agora estamos organizados para nossas atividades.” – disse.

Temos como objetivos resgatar a atividade Carnavalesca em Barretos, resgatar o Samba, que sempre esteve presente na realidade da cidade desde os anos 1930 até a atualidade, devolver o direito do cidadão comum de se divertir livremente em seu território urbano, devolver ao cidadão em situação de periferia o direito a voz e de ser agente ativo de sua diversão, e gerar a economia Informal.” – afirmou o Coriolano.

Segundo o Presidente, em novembro, Rogério Teodósio, pontuou informalmente a possibilidade de fazer neste ano de 2023, um Carnaval de marchinhas com bandas e o samba poderia também participar. “Ele me disse que estava desenvolvendo um projeto neste sentido para ser apresentado e analisado pela prefeita Paula Lemos (UB) e a Liga aguardava uma posição efetiva.” – disse Coriolano. Como não houve uma divulgação oficial, o presidente da LIESB concedeu três entrevistas para órgãos de comunicação de Barretos.

“Era preciso ter uma posição oficial, fosse qual fosse. Manifestamos nossa vontade de uma parceria com a Prefeitura, mas isto não será possível e entendemos sem nenhum problema. Finalmente tivemos esta atenção do poder público com o retorno. Teodósio confirmou isto e me assegurou que a prefeita Paula Lemos garante que a Prefeitura da Estância Turística de Barretos fará um mega carnaval para 2024 e contará com todas instituições carnavalescas.” – explicou Coriolano.

“Agradecemos a informação, pois é nossa intenção estar neste evento do ano que vem. O que a gente acredita é no modelo de um concurso de escolas de samba. Isto não foi ventilado e também não perguntei, pois penso ser tão óbvio devido a nossa tradição carnavalesca desde 1930 com os blocos e depois escolas de samba no nosso carnaval de rua.” – acrescentou.

Os carnavalescos
Na reunião à noite de segunda-feira (23), o presidente da Liga passou aos diretores a posição da Prefeitura “O próximo passo da LIESB, quase que emergencialmente, será para definir se é possível fazer no Carnaval ainda deste ano, algo que contemple o público que está há tanto tempo carente de atenção, de soltar a sua voz e se divertir de maneira saudável nas ruas da cidade e devolvendo a alegria para as comunidades neste festejo livre, gratuito, que é o Carnaval de rua de nosso município. Esse direito nossa população tem, a diversão.” – observou.

Coriolano enfatizou que as Escolas de Samba estão ávidas pelo resgate de suas atividades e do Samba da Cidade. “Nossas agremiações sofreram uma desconstrução involuntária e velada dos tempos de globalização e comercialização do Samba, de suas raízes e de suas comunidades. Imprevistos como a pandemia também acabaram por contribuir ainda mais para isso. Congregam desde o ancião até a criança. É espaço de resistência cultural, de defesa e crescimento de cada território sócio-urbano. É espaço que gera a economia informal. É espaço onde a família toda participa. Gera respeito e é espaço onde atividades escusas podem ser mais facilmente coibidas.” – enfatizou.

O presidente ressaltou também como motivação a capacitação profissional das pessoas que produzem o Carnaval, que tem bastidores quase que inimagináveis para a população, o cidadão. “Então a Liga vai capacitar seus componentes, o pessoal do samba, com esforços e parcerias. É reconstituir este pensamento do samba, que é a nossa manifestação maior na cultura negra. Além de conter essa potencialidade, é guardiã do nosso ritmo maior, o Samba, marca registrada do país por todo o planeta. O Samba por si, representa a cultura do Preto, que engloba hoje, 56% da população do Brasil e que por sua cruel realidade, é maioria nas suas sofridas periferias.” – ressaltou.