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Reconhecimento da profissão de Captador de Recursos aquece o mercado de trabalho no terceiro setor
O Ministério da Economia regulamentou, no final do mês passado, a profissão de Captação de Recursos e a incluiu no CBO (Código Brasileiro de Ocupações), tornando-a oficialmente reconhecida no país. A partir de agora, as organizações da sociedade civil poderão registrar formalmente a carteira de trabalho de seus colaboradores como Captadores de Recursos, sem a necessidade de recorrer a outras profissões e denominações, como assistentes, auxiliares, entre outros.
De acordo com o responsável pelo pedido formal de regulamentação da profissão, João Paulo Vergueiro, conselheiro do CRA-SP e diretor-executivo da ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), a captação de recursos é uma profissão valorizada em todo o mundo e, no Brasil, faltava o reconhecimento oficial.
“A captação de recursos é a primeira profissão típica do terceiro setor a ser reconhecida no País. Isso significa caminhar para a profissionalização das ONGs e a valorização do setor filantrópico em todo o Brasil. A regulamentação serve para reforçar nossa visão de que o setor deve ser entendido como uma indústria da economia, que representa mais de 1.5% do PIB brasileiro, emprega 2,2 milhões de pessoas e conta com mais de 780 mil organizações em todo país.” – esclarece Vergueiro.
O administrador afirma, ainda, que o mercado de trabalho nessa área está aquecido e há muitas vagas disponíveis, no entanto, há poucos profissionais qualificados. Por esta razão, Vergueiro explica qual o perfil que o captador de recursos precisa ter para preencher as vagas.
“O captador de recursos, antes de tudo, é um profissional que tem um perfil generalista. Ele precisa conhecer muito bem a instituição pela qual atua e todas as suas características e áreas, como projetos, comunicação, administrativo financeiro etc. A partir daí, ele pode se especializar em uma competência específica da captação, como captação com indivíduos, com empresas, com eventos, por meio de editais, entre outras. Para que qualquer pessoa se desenvolva na profissão é fundamental, também, saber se comunicar e escrever bem, ter boa capacidade de leitura e saber atuar em equipe, uma vez que esta é uma profissão bastante coletiva.” – esclarece.
Vergueiro, que já foi coordenador do GEATS (Grupo de Excelência em Administração do Terceiro Setor), acredita que o reconhecimento pode significar uma valorização do setor como um todo, além de uma melhor compreensão dos demais atores em relação ao que são ONGs, como atuam e como são administradas. “Como resultado de médio prazo, pode inclusive trazer mais recursos financeiros para todo o setor, por meio de doações e da conexão de pessoas com causas. E, ainda, fazer com que as organizações tenham capacidade de gerar impacto, sendo financeiramente independentes.” – conclui.