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Paxlovid: Medicamento eficaz para tratamento da Covid é pouco acessível à população
Em dezembro de 2021 um comprimido da Pfizer foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para ser ministrado em casos moderados de Covid em adultos e crianças menores de 12 anos que estivessem em risco de hospitalização: o Paxlovid (nirmatrelvir +ritonavir). Mas somente em fevereiro do ano seguinte é que a ANVISA recebeu o pedido da farmacêutica Pfizer para uso emergencial no Brasil.
Os estudos apontam, desde então, que se administrado no início da infecção, pode reduzir os casos de hospitalização e óbitos. Trata-se de um antiviral e são necessários dois comprimidos de Nirmatrelvir e um de Ritonavir para o tratamento, sendo que essa dose deve ser administrada a cada 12 horas por 5 dias, no máximo. Em dezembro novos estudos foram publicados nos Estados Unidos e comprovaram uma redução na taxa de 44% das hospitalizações e mortes de pessoas com mais de 50 anos que já estavam vacinadas. A amostragem analisada foi de 45 mil pacientes, dos quais 28% receberam a medicação. Em um outro grupo, em que os pacientes não haviam sido vacinados, a redução na hospitalização aumentou para 80%.
É interessante analisar que, no início das pesquisas com o Paxlovid, a eficácia da medicação era maior: a taxa de hospitalização e óbito reduziu em 89% para os pacientes que iniciaram a medicação até o terceiro dia da doença, ou seja, nesta fase dos sintomas, o medicamento se mostrou muito eficaz. Um ponto importante para ser analisado aqui é que, esses estudos anteriores foram realizados antes do surgimento de novas e mais graves variantes da Covid.
Vale lembrar que essa é uma medicação que deve ser utilizada para tratar as formas leves e moderadas de Covid-19, por via oral, para os pacientes ambulatoriais que não estejam precisando de suplementação de oxigênio e para pacientes que tenham risco de evoluir para quadros graves, como diabéticos, obesos, pacientes com doenças pulmonares crônicas, doenças renais crônicas, tabagistas, portadores de doenças imunossupressoras, doenças cardiovasculares incluindo hipertensão, portadores de anemia falciforme, neoplasias e pessoas acima de 60 anos.
Infelizmente, essa medicação que tem autorização da Anvisa para ser utilizada no Brasil em hospitais públicos e particulares, está disponível em pequena quantidade no SUS e, recentemente, também foi liberado para venda em farmácias, mas em um preço nada acessível, sendo estimada em R$ 2.700 nas drogarias, conforme o preço praticado nos Estados Unidos e outros países.
O fato mais importante a ser lembrado sobre o Paxlovid é que é indicado apenas para tratamento e não para prevenção. Precisa de prescrição médica e não substitui a vacina em hipótese alguma.
Dr. Jorge Rezeck
Médico no Hospital São Jorge e Clínica Unique.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.