Entre a fé e a malandragem: por que ‘O Auto da Compadecida’ ainda nos comove

O Auto da Compadecida 1 é um filme profundamente emocional, no qual a dor da pobreza e a alegria de viver caminham lado a lado através do protagonista João Grilo. Ele é um malandro astuto que faz tudo ao seu alcance para sobreviver em um ambiente onde a desigualdade castiga os mais vulneráveis.

A fotografia, sempre sincera, reforça o humor crítico da obra e ajuda a construir a identidade visual do sertão — árida, dura, mas cheia de humanidade. Ao acompanhar João Grilo e seus comparsas, somos conduzidos por uma narrativa que mistura sátira, religiosidade popular e crítica social com enorme equilíbrio.

O ponto alto da história surge quando, após a morte, João Grilo e outros personagens se veem diante do julgamento no purgatório, onde encontram o Cristo e o Diabo. Essa sequência sintetiza perfeitamente o espírito da obra: humor, moralidade, fé e reflexão coexistem em um mesmo espaço, sempre guiados pela compaixão — representada pela figura da Virgem, a Compadecida.

O filme permanece como um dos retratos mais sensíveis e potentes do Brasil profundo, unindo risos e lágrimas com a mesma naturalidade com que João Grilo dribla a vida.

Ficha técnica

Título original: O Auto da Compadecida
Direção: Guel Arraes
Roteiro: Adriana Falcão, João Falcão e Guel Arraes
Baseado na peça de Ariano Suassuna Auto da Compadecida (1955)
Ano de lançamento: 2000 (Brasil)
Duração: aproximadamente 104 minutos
País de origem: Brasil
Elenco principal: Matheus Nachtergaele (João Grilo), Selton Mello (Chicó), Marco Nanini, Fernanda Montenegro, Lima Duarte, entre outros.
Gênero: Comédia / Aventura com forte crítica social e elementos de religiosidade popular

Onde assistir

Globoplay e Apple TV

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Filme ‘O auto da compadecida’ é um dos maiores sucessos brasileiros. (Divulgação/ Globo Filmes)