Barretos é cobrada por Plano de Mobilidade Urbana antes de prazo final
1925 – 2025: Cem Anos da Revolta Barretense
Revista O Malho – Hemeroteca Biblioteca Nacional
Na agitada década de 1920, o Brasil fervilhava em meio a tensões políticas e sociais profundas. Em 1922, ano da eleição de Artur Bernardes à presidência, o país mergulhou em um clima de insatisfação crescente. Enquanto as oligarquias buscavam preservar seu domínio sobre o poder, ganhava força o movimento tenentista, que buscava destituir o presidente eleito.
Nesse cenário turbulento, a República Velha (1890 – 1930) foi marcada por sucessivos levantes. Dentre eles, destacamos a Revolta Paulista de 1924: uma insurreição sufocada pelas tropas federais, que deixou a capital paulista com prédios em ruínas e feridas abertas. No ano seguinte, uma nova tentativa surgiu, mas foi sufocada antes mesmo de ganhar fôlego, com a prisão precoce de seus líderes.
Ainda assim, longe dos olhos da capital, a inquietação seguia viva. Em Barretos, a rebeldia crescia em silêncio – mas com convicção. A cidade, discretamente, se armava para seu próprio gesto de enfrentamento. No centro desse turbilhão conspiratório, vibrava a figura singular de Philogônio Theodoro de Carvalho, ou simplesmente Philó. Boiadeiro destemido, fazendeiro próspero, comerciante astuto, maçom influente, frequentador de cassinos e dançarino de tango com a elegância de um legítimo argentino. Philó era um personagem que misturava drama, charme e ousadia.
Montado em seu touro, percorria as ruas de uma Barretos, que buscava se modernizar, despertando olhares e provocando os mais conservadores. Amava o escândalo, a ousadia e a vida vivida em alta voltagem. Fez da extravagância sua marca e da história, seu palco.
E então, embalado pelo romantismo revolucionário da década, Barretos – em junho de 1925 – virou cenário de resistência. Reuniões conspiratórias e visitas estratégicas, como a do secretário da Coluna Prestes, indicavam que o levante local estava longe de ser um ato isolado. Era parte de algo maior.
Como toda revolução tem seus próprios caminhos tortuosos, a de Barretos estava pronta para começar a sua travessia. E Philó? Ah, esse não recuaria tão cedo.
Na próxima edição: o levante se ergue, trilhos de trem são arrancados, o delegado é preso e Barretos vive cenas dignas de cinema.