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O Papagaio e o Pirata: a metáfora da convivência política

 O Papagaio e o Pirata: a metáfora da convivência política
  • Ronaldo Dutra é cientista político

O papagaio é um personagem clássico nas histórias de piratas, frequentemente retratado como um companheiro falante — por vezes leal, outras vezes, um verdadeiro encrenqueiro. No livro Pedro Pirata e Seu Papagaio, por exemplo, um papagaio roxo e atrapalhado vive colocando o protagonista em diversas confusões. A dinâmica entre os dois, embora caricata, pode muito bem servir de metáfora para situações do nosso cotidiano.

Em uma pacata cidade do interior, onde predominam o agro, o campo e a cana-de-açúcar, a figura do “pirata” pode ser comparada ao líder — aquele que é responsável pela condução da embarcação, ou melhor, da cidade. Já o “papagaio” assume o papel de assessor, aquele que deveria colaborar, orientar e proteger. No entanto, em certos casos, acaba se transformando em uma espécie de sentinela exagerada, que mais vigia do que assessora, causando desconforto e tensão nos arredores.

Nos bastidores da política local, essa figura já virou motivo de piada. Há quem confie cegamente no papagaio, mas também há quem desconfie de suas atitudes, do excesso de zelo e da postura controladora. Essa vigilância constante pode desgastar relações, criar ruídos e minar a confiança entre o líder e a comunidade que ele representa.

No fim das contas, se um dia você tiver um “papagaio” ao seu lado — seja na política, na gestão ou na vida pessoal —, o ideal é buscar domesticá-lo com diálogo, bom senso e equilíbrio. Caso contrário, suas atitudes impensadas, curiosidades excessivas e intervenções mal colocadas podem colocar em xeque não só a autoridade do “pirata”, mas também sua relação com a própria tripulação.

Ronaldo Dutra

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