Setores da sociedade não sabem lidar com população negra, revela Michela

 Setores da sociedade não sabem lidar com população negra, revela Michela

A professora Michela da Silva é membro atuante do Conselho Municipal da Igualdade Racial.

Não diferente de outras cidades, os barretenses ainda sofrem preconceitos por conta da cor da pele. “Temos casos de pessoas que tiveram que mudar o cabelo porque a empresa não aceitou ou de pessoas que são questionadas por estar em determinado lugar.” – relata a professora Michela Rita da Silva que também é membro do COMIR (Conselho Municipal da Igualdade Racial).

Durante o programa “Café com prosa” com Raphael Dutra na segunda-feira (15), Michela vê algumas dificuldades até mesmo com professores que não sabem lidar com as crianças negras, como pentear o cabelo. Penteia de todas crianças e quando chega no negro, não o faz. “Vai causar um problema psicológico nas crianças porque eles passam a ver que tem um tratamento diferente.” – comentou.

Quando perguntada sobre o trabalho do COMIR no município, Michela diz que enfrenta um desafio muito grande porque ainda não tem o plano de igualdade racial que vai organizar o que o município precisa junto à comunidade negra. “Nós percebemos através de um estudo que a maioria dos postos de trabalho não são ocupados por pessoas negras na prefeitura ou quando estão no cargo, ocupam posições de menor poder.” Destacou que Barretos teve um avanço ano passado quando aprovou uma lei municipal de cotas para a população negra.

Política
Candidata a vereadora pelo PSD nas eleições de 2020, Michela criticou o fato da Câmara Municipal de Barretos não possuir uma representante feminina. “Somente pessoas que vivenciam os problemas, poderiam propor pautas de interesse como de combate à violência e da representatividade dos postos de trabalho.” – afirma.

A trajetória de Michela começou no movimento estudantil, mas foi na faculdade que começou a se interessar pelas causas das mulheres, do afro e LGBTQIA +.

Educação
Michela é professora na rede estadual de ensino. Disse que o município tem deficiência de políticas para a primeira infância na cidade. Está preocupada com a precarização dos funcionários da educação estadual. “Pensar que uma merendeira e faxineira ganha pouco mais de um salário mínimo.” De acordo com ela, o último concurso foi realizado em 2014. “A maior parte dos professores não são concursados.”

Quando questionada sobre a estrutura das escolas estaduais, a professora apontou que algumas unidades como a Escola Almeida Pinto possui laboratório de robótica e computadores. “Algumas estão até melhor equipadas do que as escolas municipais.” – aponta.

A respeito da participação da família, relata que sente muita falta dos pais na escola e do acompanhamento deles junto aos alunos. “Mas temos ainda muitas famílias que acompanham.” – finaliza.

Igor Sorente

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