Mestre de Kung-Fu recebe homenagem no Salão Internacional da Fama

 Mestre de Kung-Fu recebe homenagem no Salão Internacional da Fama

O barretense mestre em artes marciais, Elam José de Oliveira recebe homenagem no Salão Internacional da Fama na Argentina em setembro. Acredita que a homenagem é fruto de seus 38 anos de trabalho dedicado ao kung-fu. “Recebi uma medalha de mérito do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e comecei a levar os atletas para competições. Há pouco tempo os uruguaios pediram para eu organizar um sistema de Wushu Moderno em mandarim.” – destaca. Elam diz que foi fazendo amizades por onde passou e considera estar muito feliz ao saber que seu trabalho está sendo visto e reconhecido.

Segundo Elam, os critérios para a homenagem são baseados na análise que o conselho de mestres faz nas competições e no currículo. “Já fui homenageado no Uruguai e vou receber outra em abril no Paraguai.” – ressalta. Seu trabalho tem sido de mentoria, orientando os alunos para competições. Atualmente sua filha Vivian Oliveira é quem ministra as aulas na academia, situada no bairro Fortaleza, em Barretos. 

Ressalta que desde 2016, após sua aposentadoria da rede estadual de ensino, passou a viajar pela América do Sul com seus netos. Um deles, João Vitor Oliveira competiu em duas categorias: armas e mãos. “O João Vitor trouxe dois troféus do Uruguai, vencendo nas duas modalidades que competiu. Depois, levei a Ana Julia no Paraguai que também ganhou. [Em seguida] voltei no Uruguai e levei a minha filha e os meus netos que ganharam em todas as modalidades que participaram.” – emociona.

Elam conta que esteve junto com João Vitor representando o Brasil numa competição em Mar de Ajó, província de Buenos Aires na Argentina. “Pensei na pressão que meu neto estaria sofrendo com apenas 15 anos de idade. No momento em que foi anunciado o João Vitor em primeiro lugar na competição de mãos, eu estava sendo árbitro em outro espaço. A vontade foi sair de lá e dar um abraço.” Frisa que na categoria armas tinha 14 competidores entre jovens e adultos e graduados. “Peguei um caderninho e fui anotando as notas. Quase no final já comemorava por ele estar entre os quatro primeiros. O último competidor foi um graduado que perdeu por cinco décimos para o João Vitor que levou o troféu de primeiro lugar.” 


A arte marcial

Perguntado o que representa a arte marcial na vida dele, é categórico afirmando o equilíbrio, sendo útil ao saber que passaram pela academia nestas quatro décadas pelo menos 10 mil alunos. “Encontro pais que dizem que seus filhos aprenderam a ter disciplina comigo.” – relata o mestre, afirmando que nunca precisou ir ao médico e esbanja saúde. “Viajo 500 quilômetros para meu sítio e chegando lá começo a carpir.”

Começou a treinar em 1975 aos 18 anos de idade. Fiz capoeira no Estrela D’Oriente no tempo do Luizão, Carlão e Timóteo. No segundo dia de aula o Carlão me colocou num campeonato. Eu já tinha feito caratê e tinha alguma noção e ganhei uma medalha. Fiz também judô com Chiba durante muito tempo, depois taekwondo. Quando assisti o filme do Bruce Lee (Operação Dragão) e vi que era isso que queria, mas não tinha kung-fu na cidade. Quando fui fazer universidade em Ribeirão Preto (SP) em 1978, conheci o Oswaldo Gola que pratica a modalidade tradicional.


O voo mais alto 

“Eu não concordava com algumas atitudes dele como o ‘estilo é meu e faço o que quero’ e ‘aluno não é nada’. Como não tinha a modalidade na região, então todo mundo ficava ligado a ele. Surgiu um campeonato mundial em 1995 nos Estados Unidos e o Gola não me deixou ir alegando que se eu fosse estaria desligado do estilo. Como eu não estava contente, comecei a me aperfeiçoar no Wushu Moderno. Fui aos Estados Unidos oito vezes e fiz 30 seminários com os melhores mestres chineses.” – destaca Elam. Segundo a reportagem apurou, o Wushu Moderno é padronizado, ou seja, o que se pratica no Brasil, você vê em qualquer país do mundo. Em 1999, Elam aderiu ao Wushu Moderno e se desligou do Li-Tchuo-Pa de Gola. 


Apoio

O mestre Elam se orgulha ao dizer que apoia o Projeto Revelar do professor Emerson Alexandre. “É um projeto social no bairro Zequinha Amendola muito importante que tira os jovens das ruas e insere no esporte.” 


Futuro

Dominando alguns idiomas, entre eles inglês e espanhol, destaca que concluiu o aprendizado em mandarim recentemente pela Arizona State University (EUA) e obteve o diploma com nota 9,8. Com isso, pode organizar um sistema de Wushu Moderno na língua predominante da China. 

Sua academia em Barretos possui alunos de todas as idades e níveis financeiros e considera todos iguais. Conta que não é adepto do kung-fu violento e que seus alunos praticam atividades lúdicas e recreativas, formas de mãos e armas e defesa pessoal. “Meus alunos recebem formação moral. São capazes inclusive de contornar alguma violência que vierem a sofrer e controlar a situação.” – destaca. O mestre coordena outras cinco academias em Divinópolis (MG). “Os professores são meus alunos e não cobro nada deles. Faço as avaliações de faixas e quando vou é uma alegria entre os pais e as crianças.” 

A homenagem no Salão Internacional da Fama acontece no dia 7 de setembro no Hotel Howard Johnson em Formosa, Argentina.

Fonte: Igor Sorente e Aquino José/ Seven Press

Redação

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